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domingo, 30 de outubro de 2011

Meditação Transcendental PARTE I

Existem mais de 600 pesquisas científicas voltadas para os benefícios da meditação.

Meditação Transcendental PARTE II

Meditação para crianças – Parte 1

Meditação para crianças – Parte 1

Meditação para a criança desenvolver a atenção - parte 2

Meditação para a criança desenvolver a atenção - parte 2

Meditação na escola

Para a criança, imaginar, deixar a mente solta e receptiva faz parte de seu processo criativo e por isso, aprender a meditar é muito mais fácil para uma criança do que para um adulto e surte efeitos mais rapidamente também, dando maior autoconhecimento, mais concentração, mais calma e tranquilidade, sem que a criança deixe de ser criança.

Quais os reais benefícios da meditação?

A meditação é um importante instrumento utilizado em muitas religiões, como forma de entrar em contato com forças superiores. No entanto, algumas formas de meditação também podem ser usadas para fins medicinais. Para fala dos reais benefícios da meditação, Luciana Ferreira recebe nos estúdios da Jovem Pan Online o médico Dr. Roberto Cardoso, autor do livro "Medicina e meditação - Um médico ensina a meditar"

Médico dá dicas para você começar a meditar

O Dr. Roberto Cardoso é um dos pioneiros no uso da meditação com fins medicinais no Brasil. O médico recentemente lançou a terceira edição do seu livro "Medicina e meditação - Um médico ensina a meditar", que visa divulgar os benefícios da prática de meditação para a saúde. Nesta segunda parte da entrevista, Dr. Cardoso visitou os estúdios da Jovem Pan Online e deu algumas dicas para você começar a meditar nos intervalos do seu dia

A meditação pode curar doenças

Já é provado que a meditação traz benefícios a saúde, sendo importante na prevenção de doenças causadas principalmente pelo stress. No entanto, será que a meditação pode ajudar a curar algum tipo de doença? Nesta terceira parte da entrevista, Luciana Ferreira recebe nos estúdios da Jovem Pan Online o médico Dr. Roberto Cardoso, que responde esta e outras perguntas da população paulista.

Meditação Transcedental (Globo Repórter)

Os beneficios da pratica da meditação

Matéria no programa Globo Reporter sobre os beneficios da pratica da meditação para as pessoas.

Estudo sobre a meditação

Dpto de psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo estuda a meditação.

Aprenda a meditar - algumas técnicas.

Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5

Técnica de relaxamento

CONSUMO DAS CRIANÇAS

"Consuming Kids, a Comercialização da Infância", trata de como as grandes corporações utilizam-se da infância para gerar lucros gigantescos, vendendo todo o tipo de produtos, muitas vezes, de forma desonesta, desumana e pouco ética, tornando-as vulneráveis na idade mais delicada de suas vidas. Cada vez mais os brinquedos representam personagens de TV, reduzindo o poder de imaginação, deixando as crianças menos criativas. Cada vez mais substitui-se a brincadeira de rua pela tela de TV ou computador. Com isso as crianças estão tornando-se mais obesas e menos atentas. O número de casos de disfunção bipolar infantil é 4 vezes maior que há 30 anos atrás, sem falar em outras doenças crescendo assustadoramente nessa faixa etária como diabetes, depressão, hipertensão. Os comerciais de Fast-food, brinquedos, roupas, até mesmo automóveis para os pais são feitos utilizando-se de profissionais como psicólogos e antropólogos, desviando o ciência para uma única direção: o lucro.

A experiência religiosa e a meditação

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Dissemos que íamos falar sobre um problema sobremodo complexo, ou seja: Existe experiência religiosa, e que significa "meditação"? Observando, podemos ver que, em todo o mundo, o homem sempre andou buscando uma coisa existente além da morte, além dos seus problemas, uma coisa duradoura, verdadeira, eterna. Deu-lhe o nome de "Deus", e outros mais; e a maioria acredita em tal coisa, sem jamais tê-la experimentado. Prometem algumas religiões que se crermos em certos rituais, dogmas e salvadores, e se vivermos de um dado modo, encontraremos essa coisa maravilhosa, que podemos denominar como quisermos. Os que a têm "experimentado" diretamente fazem-no segundo o seu condicionamento, sua crença, as influências ambientes e culturais a que estão submetidos. A religião, evidentemente, perdeu o seu significado, pois sempre houve guerras religiosas. Ela não resolve os nossos problemas. As religiões separaram os povos. Poderão ter exercido determinada influência civilizadora, mas não transformaram radicalmente o homem. Para começarmos a investigar se existe a "experiência religiosa", e o que tal experiência representa, e o porquê de a chamarmos "religiosa", evidentemente, em primeiro lugar, se faz mister muita sinceridade. Isso não significa ser sincero em obediência a algum princípio ou crença, ou em relação a algum “compromisso”, mas, sim, ver as coisas tais quais são, sem deformá-las, não só as coisas exteriores, senão também as interiores; significa jamais iludir a si próprio. Porque é facílimo nos iludirmos ao ansiarmos por uma dada experiência, religiosa ou de outra natureza - pelo uso de drogas, etc. Estamos, então, sujeitos a nos enredarmos em alguma espécie de ilusão. Cabe-nos descobrir diretamente o que é "experiência religiosa". Precisamos imbuir-nos de humildade e sinceridade, a fim de não exigirmos para nós algum proveito ou ganho. Devemos, pois, atentar em nossos próprios desejos, apegos e temores, para os compreendermos a fundo, e não deixarmos a mente deformar-se de nenhuma maneira, impedindo assim toda e qualquer ilusão. E, igualmente, cumpre indagar: Que significa "experimentar"? Não sei se já consideraram esta questão. Em regra, cansamo-nos das habituais experiências cotidianas. De todas elas estamos fartos, e quanto mais "sofisticada" ou intelectual a pessoa, tanto mais deseja viver só no agora - o que quer que isso signifique - e inventar uma filosofia do presente. A palavra "experiência" exprime passar por um certo estado, do começo ao fim, e dá-lo por acabado. Mas, infelizmente, para a maioria toda experiência deixa uma cicatriz, uma lembrança, agradável ou desagradável, e nós desejamos conservar as aprazíveis. Se ansiamos por qualquer espécie de experiência, espiritual, religiosa ou transcendental, devemos primeiramente descobrir se existe tal experiência, e também o que ela expressa. Se você passou por alguma e não é capaz de reconhecê-la, ela deixa de existir. Um dos elementos essenciais da experiência é o reconhecimento. E, havendo reconhecimento, aquilo que se experimenta já é conhecido, já foi sentido, pois, do contrário, não seria reconhecido. Assim, ao falar de experiência religiosa, espiritual ou transcendental, a pessoa deve tê-la conhecido antes, para ser capaz de reconhecer que está experimentando algo diferente de uma experiência comum. Parece lógico e verdadeiro que a mente deve ser capaz de reconhecer a experiência, e o reconhecimento implica que a coisa já é conhecida e, por conseguinte, não é nova. Ao desejarmos experiências no terreno religioso, nós as desejamos porque não resolvemos os nossos problemas, nossas ânsias, desesperos, temores e tristezas de cada dia; por essa razão pretendemos algo "mais". Nessa pretensão de “mais” encontra-se a ilusão. Isso é bem lógico e verdadeiro, penso eu. Não digo que a lógica seja sempre verdadeira, mas, quando, sã e equilibradamente, nos servimos da lógica e da razão, conhecemos as limitações da razão. O desejo de experiências mais amplas, profundas e fundamentais leva-nos a alongar ainda mais o caminho do conhecido. Isso me parece claro, e espero estejamos em comunhão, em "participação" uns com os outros.
Outrossim, investigando o terreno religioso, queremos descobrir o que é a verdade, se existe uma realidade, se existe um estado mental fora do tempo. A procura implica também uma entidade que busca. E que está buscando essa entidade? Como saberá que o que descobre, em sua busca, é verdadeiro? E, ainda, se ela encontra o verdadeiro - pelo menos o que pensa ser o verdadeiro - o que ela encontra depende de seu condicionamento, de seus conhecimentos, de suas anteriores experiências; a busca torna-se, então, apenas mais uma projeção de suas passadas esperanças, temores e anseios. A mente que está investigando - não, buscando - deve achar-se totalmente livre destas duas coisas: o desejo de experiência e a busca da verdade. Isso porque, se estamos buscando, procuramos diferentes instrutores, lemos livros vários, aderimos a vários cultos, seguimos diversos gurus, etc, etc. - como quem percorre as vitrines das lojas. Essa busca não tem nenhum significado. Assim, ao investigarem esta questão - "Que é mente religiosa, e qual a natureza da mente que já não tem experiência alguma" - vocês devem saber se a mente pode libertar-se do desejo de experiência e pôr fim a toda atividade de busca. Impende investigar, sem nenhum "motivo" ou propósito, os fatos concernentes ao tempo e se existe um estado atemporal. Tal investigação requer que não se tenha crença alguma, não se esteja ligado a nenhuma religião ou organização dita espiritual, que não se siga nenhum guru e, portanto, não se esteja sujeito a nenhuma autoridade - inclusive, e principalmente, à deste orador. Porque as pessoas são facilmente influenciáveis, excessivamente crédulas, ainda que sejam "sofisticadas" e muito sabedoras; mas estão sempre ansiando por alguma coisa, sempre a desejar e, por essa razão, crêem. Assim, a mente que investiga para descobrir o que é religião deve achar-se inteiramente livre de qualquer forma de crença, de qualquer forma de medo; porque o medo, conforme já explicamos, é um elemento deformador, produtivo de violência e agressão. Por conseguinte, ao investigarmos o estado religioso e seu movimento, devemos achar-nos livres do temor. Isso requer sinceridade e humildade. No tocante à maioria de nós, a vaidade é um dos maiores impedimentos. Porque, tendo lido muito, tendo assumido compromissos com algum guru que anda a oferecer a sua filosofia, pensamos saber, pelo menos um pouco, e esse é o começo da vaidade. Ao averiguarmos uma questão tão importante como esta, precisamos fazê-lo com isenção, isto é, sem nada sabermos a seu respeito. Vocês, de fato, não sabem nada, sabem? Ignoram o que é a Verdade, o que é Deus - se tal entidade existe - o que é uma mente religiosa. Lêem livros que tratam desta questão, da qual se fala há milênios e estão vivendo com base no conhecimento e nas experiências de outros, com base na propaganda. É necessário pôr tudo isso de lado, se desejam descobrir alguma coisa; por conseguinte, a investigação desta matéria é uma coisa sumamente "séria". Se desejam "brincar", existem entretenimentos de toda espécie: os chamados espirituais, os de cunho religioso; mas estes não têm valor algum para o homem de reflexão. Para investigar o que é a mente religiosa, devemos estar livres de nosso condicionamento, de nosso cristianismo, de nosso budismo, com a respectiva propaganda de milhares de anos, a fim de que tenhamos isenção para observar. Isso é sobremaneira difícil, porque tememos achar-nos sós. Desejamos segurança, externa e internamente; por isso, dependemos dos outros - do sacerdote, do guia espiritual, do guru que diz: "Experimentei e, portanto, sei". Temos de estar completamente sós - mas não, isolados. Há vasta diferença entre estar isolado e estar completamente só, ser um todo não fracionado. O isolamento é um estado de espírito em que cessaram as relações e, em nossa vida e atividades diárias, erguemos (consciente ou inconscientemente) uma muralha em torno de nós para não sofrermos danos. Esse isolamento, naturalmente, impede qualquer espécie de relação. "Estar só" implica que a pessoa não depende de outra, psicologicamente, não está apegada a ninguém; isso não é dizer que não há, então, amor; o amor não é apego. "Estar só" significa que, profundamente, interiormente, não existe nenhum movimento de medo e, por conseguinte, nenhum movimento de conflito. Se me acompanharam até aqui, podemos passar a investigar o que exprime disciplina. Geralmente, disciplina é para nós uma espécie de "treinamento", de repetição, um meio de vencer um obstáculo, ou de resistir, reprimir, controlar, ajustar. Tudo isso está implicado na palavra "disciplina", tal como a consideramos. Já o significado etimológico da palavra é "aprender". A mente que quer aprender deve ter curiosidade, vivo interesse; e, quanto à mente que "já sabe", esta não tem possibilidade de aprender. Disciplina, por conseguinte, significa aprender por que razão controlamos, reprimimos, por que razão há medo, porque nos ajustamos, comparamos e, conseqüentemente, nos vemos em conflito. O próprio ato de aprender produz ordem; não a ordem criada segundo um plano ou padrão: na mesma investigação da confusão, da desordem, existe ordem. Em regra, vivemos confusos por dúzias de razões, que, por ora, não precisamos examinar. Necessitamos aprender sobre a confusão, sobre a vida desordenada que estamos levando; não nos cabe tratar de estabelecer a ordem na confusão, ou na desordem, mas, sim, aprender sobre a confusão e a desordem. Assim, enquanto aprendemos, nasce a ordem. A ordem é uma coisa viva, e não uma coisa mecânica; a ordem, por certo, é virtude. Na mente que se acha confusa, que se ajusta, que imita, não existe ordem, porém conflito. E em conflito a mente se acha em desordem e, deste modo, é sem virtude. Com esse investigar, com esse aprender, vem a ordem, e a ordem é virtude. Observem-se, vejam o estado de desordem em que se encontra sua vida - tão confusa e mecânica! Nesse estado, queremos descobrir uma maneira moral de viver com ordem e com uma mente sã. Como pode a pessoa confusa, que apenas sabe obedecer ou imitar, ter qualquer espécie de ordem, qualquer espécie de virtude? Examinando-se a moralidade social, vê-se que é totalmente imoral; poderá ser "respeitável", mas o que é respeitável é quase sempre sem ordem. A ordem é necessária, porque só com ela é possível uma ação plena, e ação é vida. Mas nossa ação produz desordem; há a ação política, a ação religiosa, a ação atinente aos negócios, à família; todas essas ações são fragmentárias e, portanto e naturalmente, contraditórias. Você é um duro homem de negócios e, em casa, um meigo ente humano - pelo menos mostra sê-lo; aí há contradição e, por conseguinte, desordem. A mente em desordem não tem possibilidade de compreender o que é virtude. E, hoje em dia, com a licença existente em todos os sentidos, não existe ordem nem virtude. A mente religiosa necessita dessa ordem não obediente a nenhum padrão ou plano estabelecido por você ou por outrem. Mas, essa ordem, esse senso de retidão moral, só vem quando se compreende a desordem, a confusão, o caos em que estamos vivendo. O que acabamos de dizer visa a mostrar como lançar as bases da meditação. Se não lançarmos essas bases, a meditação se tornará uma fuga. Com essa espécie de meditação pode-se ficar brincando toda a vida, e é isso o que a maioria das pessoas está fazendo: vivendo vidas medíocres, confusas, desordenadas e encontrando maneiras de quietar a mente, pois há tanta gente a prometer "uma mente quieta" (o que quer que isso signifique) . Assim, para a mente ardorosa, pois trata-se de uma coisa importante e não de uma brincadeira é necessário estar-se livre de toda crença, de toda e qualquer ligação porque nós estamos ligados ao todo da vida, e não a um fragmento dela. Em maioria estamos vinculados a alguma revolução física, política, a um movimento religioso, a uma espécie de vida espiritual, monástica, etc. Todas essas coisas são ligações fragmentárias. Falamos sobre liberdade porque dela necessitamos para ligarmos o nosso ser, a nossa energia, vitalidade e paixão à totalidade da vida e não a uma de suas partes. Podemos então começar a investigar o que significa meditar. Não sei se já consideraram esta questão da meditação. Provavelmente alguns de vocês têm "brincado de meditar", procurando controlar seus pensamentos, seguir diferentes sistemas, mas isso não é meditação. Temos de abrir mão de todos os sistemas que se nos têm oferecido: sistema Zen, Meditação Transcendental, etc. - armadilhas trazidas da Índia e da Ásia, nas quais tanta gente se deixa aprisionar. Precisamos examinar a questão dos sistemas, dos métodos, e espero tenham vontade de fazê-lo; porque nós estamos participando, todos juntos, no exame deste problema. Quando temos de seguir um sistema, que sucede à nossa mente? Que implicam os sistemas e os métodos? Um guru. Não sei porque eles se denominam, a si próprios, "gurus". Não encontro um termo suficientemente forte com que reprovar a classe dos gurus, com sua autoridade (eles pensam que sabem). O homem que diz "Eu sei", esse homem não sabe. Ou, se ele diz "Experimentei a Verdade", desconfiem dele decididamente. São estes os que oferecem os sistemas. Um sistema envolve: praticar, seguir, repetir, alterar "o que realmente é" e, por conseguinte, aumentar o conflito. Os sistemas tornam a mente mecânica, não libertam ninguém; poderão prometer a liberdade no fim de tudo, mas a liberdade está no começo e não no fim. Se querem investigar a verdade sobre qualquer sistema, sem terem liberdade, logo de início, acabarão então, fatalmente, adotando um método e com a mente incapacitada de ser sutil, ágil, sensível. Podem, pois, abandonar completamente todos os sistemas. O importante não é controlar o pensamento, mas compreendê-lo, compreender as origens, os começos do pensamento, que se acham na própria pessoa. Quer dizer, o cérebro armazena "memórias" (isso vocês mesmos podem observar, e não necessitam de ler livros sobre a matéria); se ele não armazenasse "memórias", seria completamente incapaz de pensar. A memória é o resultado da experiência, do conhecimento, de cada um ou da comunidade, da família, da raça, etc. O pensamento brota daquele reservatório de "lembranças". O pensamento, portanto, jamais é livre, é sempre velho; não existe essa coisa chamada "liberdade de pensamento". O pensamento, em si, não pode ser livre, embora fale sobre liberdade; em si próprio, ele é o resultado das "memórias", experiências e conhecimentos trazidos do passado; em conseqüência, ele é velho. Todavia, necessitamos desse acervo de conhecimentos, pois, sem ele não poderíamos funcionar, não poderíamos falar uns aos outros, não poderíamos voltar para casa, etc. O conhecimento é de essencial importância. Compete-nos descobrir se, na meditação, o conhecimento tem fim, se nela estamos livres do conhecido. Se a meditação é a continuação do conhecimento, a continuação de tudo o que o homem acumulou, não há, então, nela, liberdade. Só há liberdade se compreendemos a função do conhecimento e, por conseguinte, dele nos achamos livres. Estamos explorando o campo do conhecimento, para vermos quando deve funcionar e quando se torna um empecilho à investigação mais profunda. Se as células cerebrais continuam ativas, só podem funcionar no campo do conhecimento. É só isso que o cérebro pode fazer, ou seja, funcionar no campo da experiência, do conhecimento, no campo do tempo, vale dizer, no passado. Meditação é descobrir se existe um campo ainda não contaminado pelo conhecido. Se, meditando, continuo com o que antes aprendi, com o que já sei, estou então vivendo no passado, no campo de meu condicionamento. Nesse campo não há liberdade. Posso adornar a prisão em que estou vivendo, fazer coisas diversas dentro dela, mas há sempre uma limitação, uma barreira. Cumpre, pois, descobrir se as células cerebrais, evolvidas através de milênios, podem estar totalmente quietas e em correspondência com uma dimensão desconhecida. Quer dizer, pode a mente tornar-se tranqüila? Foi sempre esse o problema das pessoas religiosas, através dos séculos, reconhecendo que se necessita de total serenidade, porque só então se pode ver. Se estamos a tagarelar, com o espírito em movimento, a correr para todos os lados, é óbvio que não podemos ver nem escutar totalmente. Assim, dizem as pessoas religiosas: "Controle a mente, segure-a, coloque-a numa prisão"; não descobriram uma maneira de pôr a mente num estado de completa e absoluta quietude. Dizem: "Não cedam a nenhum desejo, não olhem para uma mulher, para os belos montes, para as árvores e a beleza da Terra, porque se o fizerem, aquela beleza poderá sugerir-lhes a lembrança de uma mulher ou um homem. Portanto, controlem-se, perseverem, concentrem-se". Assim fazendo, os põem em conflito e, desta maneira, haverá mais o que controlar, mais o que superar. Sucede isso há milênios, por se ter percebido a necessidade de uma mente tranqüila. Ora, como pode a mente serenar sem esforço, sem controle, sem se lhe traçarem limites? No momento em que se pergunta "como?", cria-se a necessidade de um sistema. Portanto, aqui não há como". Pode a mente quietar-se? Não sei o que irão fazer ao perceberem verdadeiramente a necessidade de terem aquela mente que, estando absolutamente quieta, se torna sobremodo sensível e sutil. Como pode isso verificar-se? Esse é um problema de meditação, porque só essa é a mentalidade religiosa. Só ela é capaz de ver o todo da vida como uma unidade, como um movimento unitário, não fragmentado. Essa mentalidade, por conseguinte, atua totalmente e não fragmentariamente, porque sua ação emana da quietude completa.
A verdadeira base é uma vida de relação total, uma vida com ordem e, por conseguinte, virtude, uma vida interior simples e, portanto, austera - a austeridade da simplicidade profunda, própria da mente isenta de conflito. Se lançarem essa base, facilmente, sem esforço algum (porque, tão logo se introduz o esforço, há conflito), verão a sua genuína valia. É, conseqüentemente, a percepção de "o que é" que realiza a transformação radical. Só a mente tranqüila pode compreender que, em sua quietude, há um movimento bem diverso, de diferente dimensão, de outra qualidade. Esse movimento, sendo inefável, não pode ser expresso em palavras. O que pode ser descrito só nos leva até este ponto: o ponto em que, tendo lançado a base correta, percebemos a necessidade, o valor e a beleza da serenidade espiritual. Para a maioria, a beleza se encontra em alguma coisa: um edifício, uma nuvem, a forma de uma árvore, um lindo rosto. A beleza está "lá fora" ou faz parte da natureza da mente em que não há atividade egocêntrica? Porque a meditação, tão importante como a alegria que nela encontramos, é a compreensão da beleza. A beleza, com efeito, é o total abandono do “eu"; e os olhos que abandonaram o "eu" podem ver as árvores e sua pujança, e a formosura de uma nuvem. Isso acontece quando não existe nenhum centro constituído pelo "eu". É uma coisa que sucede a qualquer de nós, - não é verdade? - ao vermos, por exemplo, uma majestosa montanha que subitamente se nos descortina. Tudo foi varrido para o lado, exceto aquela majestade. A montanha, a árvore, nos absorve completamente. Algo semelhante sucede a uma criança que se diverte com um brinquedo; o brinquedo a absorve e, se se quebra, ela volta a suas ocupações habituais, suas travessuras, seus choros. Conosco se dá a mesma coisa, ao vermos a montanha ou a árvore solitária no alto de um monte, elas nos absorvem. E nós desejamos absorver-nos em alguma coisa - numa idéia, numa atividade, num compromisso, numa crença, ou noutra pessoa tal qual a criança com seu brinquedo. A beleza, pois, significa sensibilidade - um corpo sensível, graças a uma alimentação adequada e a uma maneira correta de viver. A mente se torna, então, naturalmente quieta. Não é possível aquietar a mente, porque você é que é o causador de todos os males, você é que se acha perturbado, ansioso, confuso. Como pode torná-la tranqüila? Mas, ao compreender o que é quietude e o que é confusão, ao entender o que é sofrimento e que é possível acabar com ele, e, também, ao compreender o que é o prazer - então, dessa compreensão, surge uma mentalidade serena; não precisamos buscá-la. Devemos partir do começo, e o primeiro passo é o último passo. Eis o que é meditação. INTERROGANTE: Faz o senhor a apologia da beleza das montanhas, dos montes, do céu. Essa apologia não é útil para o comum das pessoas. A apologia que serve é a da sordidez. KRISHNAMURTI: Está bem; façamos a apologia das ruas imundas de Nova Iorque, a apologia da miséria, da pobreza, dos guetos, das guerras, para as quais cada um de nós contribuiu. Vocês sentem de outro modo, porque se separaram, se isolaram; portanto, não estando em relação com os outros, corrompem-se e permitem que a corrupção se espalhe pelo mundo. Eis porque a corrupção, a poluição, as guerras, o ódio, não podem ser sustados por nenhum sistema político ou religioso, por nenhuma organização. Cumpre haver transformação. Não o percebem? Precisam deixar de ser o que são. Não à força de "querer"; meditação é expurgar a mente da vontade. Verifica-se, então, uma ação de espécie inteiramente diferente. INTERROGANTE: Se pudermos alcançar o privilégio de nos conscientizarmos, como poderemos ajudar àqueles que se acham condicionados, àqueles que abrigam um profundo ressentimento? KRISHNAMURTI: Permita-me interrogá-lo porque usa a palavra “privilégio”. Que há de sagrado ou de "privilegiado" em estar-se conscientizado? Essa é uma coisa natural, não acha? - estar ciente. Se você tiver ciência de seu condicionamento, da agitação, da sordidez, da miséria, da guerra, do ódio, existentes no mundo - se de tudo isso estiver inteirado, estabelecerá uma relação tão completa entre você - que ficará em relação com todos os outros entes humanos. Verá, então, que não causará dano aos outros; eles é que causam dano a si próprios. E, assim o que se pode fazer é sair pelo mundo a pregar, a falar - mas não com o desejo de ajudá-los, compreende? Esta é a coisa mais terrível que se pode dizer: “Quero ajudar a outrem”. Quem é você, quem sou eu, para ajudar os outros? Senhor, a beleza da árvore ou da flor não "deseja" ajudá-lo. A você é que cabe olhar a sordidez ou a beleza; e se é incapaz de olhá-las, trate de descobrir porque se tornou tão indiferente, tão insensível, tão superficial e vazio. Se o descobrir, ver-se-á num estado em que a vida fluirá como as águas, e você nada terá de fazer. INTERROGANTE: Qual a relação entre a percepção das coisas exatamente como são e a consciência? KRISHNAMURTI: Você só conhece a consciência pelo seu conteúdo, e esse conteúdo são as coisas que estão sucedendo no mundo, do qual você faz parte. O esvaziar desse conteúdo não significa ficar privado da consciência, senão ingressar numa dimensão bem diferente. Sobre essa dimensão não é possível especular. O que podemos fazer é tratarmos de descobrir se é possível descondicionarmos a mente pela conscientização, pelo tornar-nos atentos. INTERROGANTE: Eu próprio não sei o que é o amor, o que é a Verdade, ou o que é Deus. Mas diz o senhor que "amor é Deus", em vez de "Amor é Amor". Poderá explicar porque diz "Amor é Deus"? KRISHNAMURTI: Eu não disse que amor é Deus. INTERROGANTE: Lendo um de seus livros ... KRISHNAMURTI: Desculpe a interrupção ... não leia livros! Daquela palavra se tem usado e abusado. Ela está "carregada" dos desesperos e esperanças do homem. Você tem o seu Deus, e os comunistas têm o deles. Assim, se me permite sugeri-lo, trate de descobrir o que é o Amor. Só descobrirá o que é o amor, se souber o que ele não é. Não, se o souber intelectualmente, porém, na vida real, afastando tudo o que o nega - o ciúme, a ambição, a avidez; as divisões que diariamente se verificam; eu e você, nós e eles, brancos e pretos. Infelizmente, as pessoas não o fazem, porque isso requer energia e a energia só vem ao observarmos a realidade, sem dela fugirmos. Vendo o que realmente é, então, observando-o, teremos a energia necessária para transcendê-lo. Não podemos transcendê-lo, se forcejamos para evitá-lo, para traduzi-lo ou superá-lo. Note simplesmente "o que é", e descobrirá o que é amar. O amor não é prazer. E sabe o que significa descobri-lo realmente, você mesmo, em seu interior? Significa já não haver medo, nem apego, nem dependência, mas tão somente uma relação isenta de qualquer divisão. INTERROGANTE: Pode-me dizer algo sobre a função do artista na sociedade? Desempenha ele algum papel além do que lhe é atribuído? KRISHNAMURTI: Que é um artista? Aquele que pinta quadros, escreve poesias, aquele que busca expressar-se por meio da pintura ou escrevendo livros ou dramas? Porque separamos o artista de nós outros? Ou, porque diferenciamos o intelectual dos demais indivíduos? Colocamos o intelectual num certo nível, o artista noutro nível, talvez mais alto, e o cientista num nível mais elevado ainda. Depois, perguntamos: "Qual a função deles na sociedade?" Não se trata de saber qual é a função deles, mas qual é a sua junto à coletividade. Porque foi você que criou a desordem existente. Qual a sua função? Descubra-o. Isto é, trate de descobrir porque vive dentro deste mundo de sordidez, ódio e aflição; aparentemente, ele não o atinge. Como vê, o senhor escutou estas palestras, participou em algumas das coisas ditas e compreendeu - nós o esperamos - muitas delas. Com isso pode tornar-se um "centro de relações corretas" e, portanto, compete-lhe transformar esta terrível, corrupta e destrutiva sociedade. INTERROGANTE: Poderá falar sobre o tempo psicológico? KRISHNAMURTI: O tempo é velhice, o tempo é sofrimento, o tempo não respeita ninguém. Há o tempo cronológico, medido pelo relógio. Este é indispensável; do contrário, não poderíamos ter condução, viajar, preparar uma refeição, etc. Mas, nós aceitamos outra espécie de tempo, ou seja "amanhã eu serei, amanhã mudarei, futuramente me tornarei isto ou aquilo"; psicologicamente, criamos este tempo - amanhã. Mas, existe esse dia imediato? Eis uma pergunta que tememos fazer a sério. Porque nós desejamos o amanhã: “amanhã terei o prazer de me encontrar com você, amanhã eu compreenderei, minha vida será diferente. Amanhã conhecerei a iluminação. E desse modo o futuro se torna a coisa mais importante de nossa vida. Ontem você se deleitou sexualmente, fruiu vários prazeres, e deseja repeti-los no dia seguinte, ou logo depois. Faça a si próprio esta pergunta, e descubra a verdade respectiva: "Existe realmente um amanhã fora do pensamento" que projeta o amanhã? O futuro, com efeito, é uma invenção do pensamento. Se, psicologicamente, não houvesse um amanhã, que aconteceria, hoje, em sua vida? Uma tremenda revolução, não é? Sua ação se transformaria radicalmente, não é assim? Você seria, agora, um ente total e não um ente projetado do passado para o presente e daí para o futuro. Tal equivale a viver e morrer todos os dias. Faça-o, e verá o que exprime viver completamente hoje. E isso não é amor? Ninguém diz "Amanhã amarei". Ou amamos ou não amamos. O amor não reside no tempo; nele só está o amargor, porque o amargor, tal como o prazer, é pensamento. Devemos, pois, descobrir o que é o tempo, e descobrir se existe um "não amanhã" (no tomorrow). Isso é viver; há então aquela vida eterna - porque, na Eternidade, não existe tempo. (Do livro, ainda não editado em nosso idioma, "O Despertar da Inteligência") Krishnamurti

A compreensão do sofrimento

Se não há compreensão do sofrimento, não há sabedoria; o fim do sofrimento é o começo da sabedoria. Para se compreender o sofrimento e dele se ficar livre completamente, requer-se compreensão, não só do sofrimento individual, particular, mas também do imenso sofrer humano. Para mim, se não estamos totalmente livres do sofrimento, não pode haver sabedoria e tampouco terá a mente possibilidade de investigar deveras essa imensidade que se pode chamar Deus, ou outro nome qualquer. A maioria de nós está sujeita ao sofrimento em diferentes formas: nas relações, quando ocorre a morte de alguém, quando não podemos preencher-nos e decaímos até nos reduzirmos a nada, ou quando tentamos realizar algo, tornar-nos importantes e tudo redunda em completo malogro. E temos também o “processo” do sofrimento no plano físico: doença, cegueira, invalidez, paralisia, etc. Por toda a parte se encontra essa coisa extraordinária chamada “sofrimento” — com a morte à espreita em cada volta do caminho. E não sabemos enfrentar o sofrimento e, assim, ou o divinizamos ou o racionalizamos, ou, ainda, tratamos de evitá-lo. Ide a qualquer igreja cristã e vereis que lá se diviniza o sofrimento, tornam-no algo de grandioso, de sagrado, e diz-se que só pelo sofrimento, só pela mão de Cristo, o Crucificado, se pode encontrar Deus. No Oriente, há métodos próprios de fuga, outras maneiras de evitar o sofrimento; e é, para mim, um fato singular serem tão raros — tanto no Oriente como no Ocidente — os que estão verdadeiramente livres do sofrimento. Seria maravilhoso se, no processo de nosso escutar — sem emocionalismo nem sentimentalismo — o que nesta manhã se está dizendo, pudéssemos, antes de sairmos daqui, compreender realmente o sofrimento e dele ficar completamente livres; porque, então, já não haveria automistificação, nem ilusões, nem ansiedades, nem medo, e o cérebro poderia funcionar clara, penetrante, logicamente. E, então, talvez chegássemos a conhecer o amor. Ora, para se compreender o sofrimento é necessário investigar todo o “processo” do tempo. Tempo é sofrimento, não só sofrimento do passado, mas também sofrimento que inclui o futuro — a idéia de chegar, a esperança de algum dia nos tornarmos algo, com sua inevitável sombra de frustração. Para mim, essa idéia de consecução, de “vir a ser” algo no futuro (e isso é tempo psicológico) representa o sofrer máximo — e não o fato de perder um filho, de ser abandonado pela mulher ou marido, ou de se não alcançar êxito na vida. Tudo isso me parece bastante trivial, se se me permite em pregar esta palavra, que espero não seja mal compreendida. Há um sofrimento muito mais profundo, que é o tempo psicológico: o pensar que mudarei em anos futuros; que, se se me dá tempo, me transformarei, quebrarei as cadeias do hábito, alcançarei a liberdade, a sabedora, Deus. Tudo isso exige tempo — e este, para mim, é o sofrimento máximo. Mas, para podermos aprofundar o problema, temos de descobrir porque há sofrimento dentro em nós — essa onda de sofrimento que nos envolve e aprisiona. Compreendendo, primeiramente, o sofrimento existente em nós, talvez possamos também compreender o sofrimento humano coletivo, o desespero da humanidade. Porque sofremos? E tem fim o sofrimento? Há tantas maneiras de sofrermos! A doença é uma forma de sofrimento — a incapacidade de pensar, por debilidade do cérebro, e tantas outras variedades da dor física. Temos, depois, todo o campo do sofrimento psicológico — o sentimento de frustração, por não se poder realizar nada, ou a falta de capacidade, de compreensão, de inteligência, e também esta constante batalha dos desejos antagônicos, da autocontradição, com suas ânsias e desesperos. E há, ainda, a idéia de nos transformarmos através do tempo, de nos tornarmos melhores, mais nobres, mais sábios — idéia que também encerra infinito sofrimento. E, por último, o sofrimento ocasionado pela morte, o sofrimento da separação, do isolamento, o sofrimento de nos vermos completamente sós, isolados e sem relação com coisa alguma. Todos conhecemos essas variadas formas de sofrimento. Os eruditos, os intelectuais, os virtuosos, os religiosos de todo o mundo, vêem-se tão torturados como nós pelo sofrimento, e se dele existe alguma saída, ainda não a encontraram. Investigar bem profundamente em nós mesmos é saber que esta é a primeira coisa que desejamos: pôr fim ao sofrimento; mas não sabemos de que maneira começar. Estamos muito bem familiarizados com o sofrimento, vemo-lo em outros e em nós mesmos, e ele se acha no próprio ar que respiramos. Ide a qualquer parte, recolhei-vos a um mosteiro, caminhai pelas ruas apinhadas — o sofrimento está sempre presente, declarado ou oculto, expectante, vigilante. Ora, de que maneira enfrentamos o sofrimento? Que fazemos em relação a ele? E como teremos possibilidade de nos libertarmos dele, não apenas superficialmente, porém totalmente, de modo que se torne completamente inexistente? Estar completamente livre de sofrimento não significa ausência de sentimento, de amor, de compaixão, falta de bondade, de compreensão de outrem. Pelo contrário, na completa liberdade, nesse estado livre de sofrimento, não há indiferença. É uma liberdade que traz grande sensibilidade, receptividade; e, como se alcança essa liberdade? Todos conheceis o sofrimento, não lhe sois estranhos. Ele está sempre presente. E como o enfrentais? Apenas superficialmente, verbalmente? Tende a bondade de seguir isto. Passo a passo, caminhemos juntos, até o fim. Tentai, nesta manhã, escutar com atenção completa, estar bem cônscios de vossas reações e penetrar profundamente, junto comigo, este problema do sofrimento. Mas, isto não significa seguir-me — coisa extremamente absurda. Mas se, juntos, pudermos compreender esta coisa, investigá-la ampla e profundamente, então, talvez, ao sairdes daqui, possais olhar para o céu e nunca mais serdes atingidos pelo sofrimento. Então, não mais haverá medo; e, uma vez livres de todo temor, aquela Imensidade poderá tornar-se vossa companheira. Assim, como enfrentais o sofrimento? Parece-me que, em geral, o enfrentamos muito superficialmente. Nossa educação, nossa instrução, nosso conhecimento, as influências sociológicas a que estamos expostos — tudo isso nos torna muito superficiais. A mente superficial é aquela que se refugia na igreja, em alguma conclusão, conceito, crença ou idéia. Tudo isso são refúgios para a mente em sofrimento. E, quando nenhum refúgio encontrais, construís em torno de vós uma muralha e vos tornais acrimoniosos, duros, indiferentes, ou buscais a fuga em alguma reação neurótica, fácil. Todas essas fugas ao sofrimento impedem a investigação mais aprofundada. Espero me estejais acompanhando, porque é justamente isto o que faz a maioria de nós. Pois bem; observai um cérebro superficial — ou mente; notai, por favor que, quando digo “mente” ou “cérebro”, refiro-me à mesma coisa. Outro dia estivemos considerando a distinção entre “mente” e “cérebro”, mas tal distinção é só verbal, sem importância. Empregarei a palavra “mente” e espero que sigais e compreendais o que se irá dizer. A mente superficial não pode resolver este problema do sofrimento, porque sempre procura evitar o sofrimento. Foge ao fato — o sofrimento — por meio de uma reação fácil e imediata. Se tendes uma forte dor de dentes, naturalmente logo tratais de procurar o dentista, porque desejais livrar-vos dessa dor física; e isso é uma reação normal e correta. Mas, a dor psicológica é muito mais profunda e sutil, e não há médico, não há psicólogo, não há nada que vos possa extingui-la. No entanto, vossa reação instintiva é fugir dela. Tratais de ligar o rádio, de ver televisão, de ir ao cinema — sabeis quantas distrações a civilização moderna inventou. Qualquer espécie de entretenimento, seja uma cerimônia religiosa, seja uma partida de futebol, é essencialmente a mesma coisa, mera fuga à vossa aflição, ao vosso vazio interior; e é isto o que estamos fazendo em toda a parte: buscando em diferentes formas de entretenimento o auto-esquecimento. E, também, é a mente superficial que procura explicações. Diz: “Desejo saber porque sofro. Porque devo eu sofrer, e vós não?” Está cônscia de não ter praticado, na vida, nenhuma iniqüidade e, assim, aceita a teoria de vidas passadas e a idéia disso que na Índia se chama karma — causa e efeito. Diz ela: “Pratiquei antes alguma ação injusta, e agora estou passando por ela”; ou “Estou agora fazendo algo de bom, e colherei no futuro os correspondentes benefícios”. É assim que a mente superficial se deixa enredar nas explicações. Observai, por favor, vossa própria mente, observai como vos livrais de vossos sofrimentos com explicações, como vos absorveis no trabalho, em idéias, ou vos apegais à crença em Deus ou numa vida futura. E, se nenhuma explicação ou crença tiver sido satisfatória, recorreis à bebida, ao sexo, ou vos tornais mordaz, duro, acrimonioso, melindroso. Consciente ou inconscientemente, é isso o que de fato ocorre com cada um de nós. Mas, a ferida do sofrimento é muito profunda. Ela vem sendo transmitida de geração em geração, de pais a filhos, e a mente superficial nunca retira a atadura que cobre essa ferida: ela não sabe, em verdade, o que é o sofrimento, não o conhece intimamente. Tem apenas uma idéia a seu respeito. Tem uma imagem, um símbolo do sofrimento, mas nunca se encontra com ele próprio; só se encontra com a palavra “sofrimento”. Compreendeis? Ela conhece a palavra “sofrimento”, mas não estou certo se conhece o sofrimento. Conhecer a palavra “fome” e sentir realmente fome, são duas coisas muito diferentes, não? Quando sentis fome, não vos satisfazeis com a palavra “comida”. Quereis comida — o fato. Ora, quase todos nos satisfazemos com palavras, símbolos, idéias, e com as nossas reações a essas palavras, de modo que nunca estamos em intimidade com o fato. Quando subitamente nos vemos frente-a-frente com o fato do sofrimento, isso nos causa um choque, e nossa reação é a fuga a esse fato. Não sei se já notastes isso em vós mesmo. Tende a bondade de observar o estado de vossa própria mente, e não fiqueis meramente escutando as palavras que estão sendo proferidas. Nunca nos encontramos com o fato, nunca “vivemos com ele”. Vivemos com uma imagem, com a memória do que foi, e não com o fato. Vivemos com uma reação. Ora, se ao enfrentar o sofrimento a mente tem um motivo, isto é, se deseja fazer algo a respeito do sofrimento, não é possível compreendê-lo, assim como também não é possível haver amor, se há motivo para amar. Entendeis? Em geral, temos um motivo quando encaramos o sofrimento: desejamos fazer alguma coisa em relação a ele. Isto é, suponhamos que eu tenha perdido alguém, por morte; profundamente, psicologicamente, já não posso obter o que dessa pessoa desejava, e vejo-me a sofrer. Se nenhum motivo tenho, ao olhar o sofrimento, ele é ainda sofrimento, ou coisa totalmente diferente? Estais seguindo? Digamos que meu filho morre, e eu estou a sofrer porque me vejo só. Nele eu depositara todas as minhas esperanças e, agora, todo o meu mundo desabou. Desejara estabelecer para mim próprio uma certa espécie de imortalidade, uma continuidade, através de meu filho; ele deveria herdar meu nome, meus haveres, continuar com o meu negócio, e o acabar de tudo isso causou-me um choque. Ora, posso compreender o sofrimento em que me acho, se algum motivo existe, que me impele a olhá-lo? E, se existe, atrás do amor, algum motivo, isso é amor? Por favor, não concordeis comigo: observai-vos, apenas. Por certo, não deve haver motivo algum, se desejo compreender o sofrimento, se desejo descobrir a profundeza plena e a significação do sofrimento — ou do amor, pois os dois andam sempre juntos. A morte, o amor e o sofrimento são inseparáveis, estão sempre juntos, e também os acompanha a criação; mas, esta é outra questão, que examinaremos noutra oportunidade. Se desejo compreender profundamente, completamente, o fato do sofrimento, não posso ter um motivo a ditar minha reação ao fato. Só posso viver com o fato e compreendê-lo, quando nenhum motivo tenho. Entendeis? Se não, podeis fazer-me perguntas, depois, a respeito deste ponto. Se vos amo porque podeis dar me alguma coisa — vosso corpo, vosso dinheiro, vossa lisonja, vossa companhia o que quer que seja — isso por certo, não e amor, e é claro que também vós obtendes algo de mim, e essa permuta, para a maioria de nós se chama amor. Sei que encobrimos isso com palavras bonitas, mas, atrás dessa fachada, está a ânsia de ter, possuir, ser dono. Agora, sofrimento não é autocompaixão? De certa maneira, fostes despojado de alguma coisa, vossas relações com outro redundaram em fracasso, não vos preenchestes no sentido de serdes reconhecido como pessoa importante, em atividades de reforma social, em atividades artísticas e tantas outras coisas mais — e todas as correspondentes frivolidades; assim, há sofrimento. Compreender o sofrimento é viver com ele, olhá-lo, conhecê-lo como realmente é; mas não tendes possibilidade de conhecê-lo quando o olhais com um motivo — que supõe o tempo. A mente superficial, incessantemente ocupada em melhorar-se, em lastimar-se, em torturar-se numa dada relação; desejosa de libertar-se do sofrimento sem enfrentar o fato — essa mente prosseguirá sofrendo indefinidamente. O fato é que estais sozinho. Em virtude de vossa educação, de vossas atividades, pensamentos e sentimentos, vos isolastes profundamente em vosso interior e não sois capaz de viver com esse extraordinário sentimento de solidão, não sabeis o que ele significa, porque dele sempre vos abeirais com uma palavra que desperta o medo. Estais vendo, pois, a dificuldade — as maneiras sutis com que a mente preparou suas vias de fuga, tornando-se incapaz de viver com essa coisa extraordinária que chamamos “sofrimento”. Para se ser livre do sofrimento, é necessário compreender, consciente e inconscientemente, todo o seu ‘processo”, e isso só é possível vivendo-se com o fato, olhando-o sem motivo. Deveis perceber as manhas de vossa mente, suas fugas, as coisas aprazíveis a que estais apegado e as coisas desagradáveis de que desejais livrar-vos com rapidez. Cumpre observar o vazio, o embotamento e a estupidez da mente que só trata de fugir. E pouca diferença faz, se se foge para Deus, para o sexo, ou para a bebida, porquanto todas as fugas são essencialmente a mesma coisa. Compreendeis? Que sucede quando perdeis alguém, arrebatado pela morte? A reação imediata á uma sensação de paralisia, e ao sairdes desse estado vos encontrais com o sofrimento. Ora, que significa esta palavra — “sofrimento”? — A camaradagem, os colóquios ditosos, os passeios e tantas outras coisas agradáveis que fizestes e planejáveis fazer em companhia um do outro — tudo isso vos foi arrebatado num segundo, e ficastes vazio, desamparado, sozinho, É contra isso que estais protestando, é contra isto que vossa mente se revolta: ter ficado a sós consigo, isolada, vazia, sem amparo. Ora, o que verdadeiramente importa é viver com esse vazio, com ele viver sem reação alguma, sem racionalizá-lo, sem dele fugir com recorrer a médiuns espiritistas, à doutrina da reencarnação, e outras futilidades que tais; viver com ele, com todo o vosso ser. E se, passo a passo, examinardes bem o fato, vereis que há um findar do sofrimento — um findar real, e não simplesmente verbal, não o findar superficial, resultante de fuga, de identificação com um conceito ou devotamento a uma idéia. Vereis que nada há para proteger, porquanto a mente está toda vazia e já não reage no sentido de preencher o seu vazio; e quando assim o sofrimento termina completamente, tereis encetado uma outra jornada — jornada sem fim e sem começo. Existe uma imensidade que ultrapassa todas as medidas, mas nesse mundo não ingressareis sem a prévia e total extinção do sofrimento. Krishnamurti - 18 de julho de 1963 – SAANEN, Suíça Do livro: Experimente um novo caminho - ICK

sábado, 29 de outubro de 2011

A ALEGRIA DE VIVER

Já alguma vez cogitasses no por que muitas pessoas, ao se tornarem mais velhas, parecem perder toda a alegria de viver? No momento, a maioria de vós, que sois jovens, é relativamente feliz; tendes vossos pequenos problemas, vossas preocupações sobre os exames, mas, apesar dessas perturbações, há, em vossa vida, uma verdade?

 Há uma espontânea e natural aceitação da vida, uma visão das coisas despreocupada e feliz. Mas, por que razão, ao nos tornarmos mais velhos, parecemos perder aquele ditoso pressentimento de algo transcendental, algo de mais significativo?

Por que tantos de nós, ao alcançarmos a chamada maturidade, nos tornamos embotados, insensíveis à alegria, à beleza, ao céu sereno e às maravilhas da terra?

 Quando urna pessoa faz a si própria esta pergunta, muitas explicações acodem-lhe ao espírito. Temos muito interesse em nós mesmos - esta é uma delas. Lutamos para nos tornarmos alguém, para alcançarmos e conservarmos uma certa posição; temos filhos e outras responsabilidades, e temos de ganhar dinheiro. Todas essas coisas que se agitam em nosso interior não tardam a deprimir-nos, e perdemos assim a alegria de viver. Vede os rostos dos mais velhos, de vosso círculo de conhecimentos, tristes que são, em maioria, e gastos, adoentados, reservados, alheados, não raro neuróticos, sem um sorriso.

Não perguntais a vós mesmos por que são assim? E mesmo quando indagamos o porquê disso, a maioria de nós parece satisfazer-se com meras explicações. Ontem de tarde vi um barco que subia o rio, de velas pandas, impelido pelo vento oeste. Era um barco grande e transportava pesada carga de lenha destinada à cidade. O sol se punha e a embarcação, desenhada contra o céu, mostrava singular beleza. O barqueiro só tinha de guiá-la; nenhum esforço era necessário, pois o vento fazia todo o trabalho. Analogamente, se cada um de nós compreendesse o problema da luta e do conflito, penso que poderíamos viver sem esforço, felizes, de rosto sorridente. Para mim, é o esforço que nos destrói, esse lutar em que despendemos quase todos os momentos de nossa vida, Se observardes, ao redor de vós, as pessoas mais velhas, podereis ver que para quase todos a vida é uma série de batalhas consigo mesmos, com suas mulheres ou maridos, com seu próximo, com a sociedade; e essa luta incessante dissipa energia

. O homem que vive alegre, verdadeiramente feliz, está livre de todo esforço. Viver sem esforço não significa tornar-se estagnado, embotado, estúpido; ao contrário, só os homens sensatos, altamente inteligentes, estão verdadeiramente livres do esforço e da luta. Mas, quando ouvimos falar em viver sem esforço, queremos viver assim, desejamos alcançar um estado em que não haja luta nem conflito; tornamo-lo, pois, esse estado, nosso alvo, nosso ideal, e por ele lutamos; e desde esse momento perdemos a alegria de viver.

 Estamos de novo empenhados em esforço, luta. O objeto da luta varia, mas toda luta é essencialmente a mesma. Um luta pela promoção de reformas sociais, ou para achar Deus, ou para criar melhores relações no lar ou com o próximo; outro senta-se à margem do Ganges ou se prostra devotamente aos pés de um guru - etc. etc. Tudo isso representa esforço, luta. O importante, por conseguinte, não é o objeto da luta, porém, sim, compreender a própria luta. Ora, é possível a mente não apenas perceber ocasionalmente que não está a lutar, porém estar a todas as horas completamente livre de esforço, de modo que possa descobrir um estado de alegria em que não haja nenhuma idéia de superioridade e inferioridade? O caso é que a mente se sente inferior e por esta razão luta para "vir a ser" alguma coisa, ou conciliar seus vários desejos contraditórios.

 Mas, não estejamos a dar explicações sobre por que a mente tanto luta. Todo homem que pensa sabe por que há luta, interior e exteriormente. Nossa inveja, avidez, ambição, nosso espírito de competição, que nos impele à mais impiedosa eficiência - são obviamente estes os fatores que nos fazem lutar, no mundo atual ou no mundo do futuro. Por tanto, não temos necessidade de estudar livros de psicologia para sabermos por que lutamos; e o que certamente, tem importância é que descubramos se a mente pode ficar totalmente livre de luta.

 Afinal de contas, quando lutamos, o conflito é entre o que somos e o que deveríamos ou desejamos ser. Pois bem; sem se procurarem explicações, pode-se compreender todo esse processo de luta, de modo que ele termine? Como aquele barco levado pelo vento, pode a mente existir sem luta? A questão é esta, sem dúvida, é não como alcançar um estado em que não haja luta. O próprio esforço para alcançar tal estado é, em si, um processo de luta e, por conseguinte, aquele estado nunca pode ser alcançado.

Mas, se observardes, momento por momento, como a mente se deixa colher nesse torvelinho de incessante luta - se observardes simplesmente o fato, sem tentar alterá-lo, sem impor à mente um certo estado que chamais "de paz" - vereis que, espontaneamente, a mente deixará de lutar; e nesse estado ela é capaz de aprender infinitamente. Aprender já não é, então, mero processo de acumular conhecimentos, porém de descobrimento de extraordinárias riquezas existentes além do alcance da mente; e para a mente que faz tal descobrimento, há grande alegria.

 Observai a vós mesmo, para verdes como lutais da manhã à noite, e como vossa energia se dissipa nessa luta. Se tratardes apenas de explicar por que lutais, ficareis perdido numa floresta de explicações e a luta prosseguirá; mas se, ao contrário, observardes vossa mente, com serenidade e sem dardes explicações; se deixardes simplesmente que vossa mente esteja cônscia de sua própria luta, vereis que muito depressa surgirá um estado no qual nenhuma luta haverá, um estado de extraordinária vigilância. Nessa vigilância, não há idéia de "superior" e "inferior", não há homem importante nem homem insignificante, não há guru.

 Todos esses absurdos desapareceram, por que a mente está inteiramente desperta; e a mente de todo desperta está cheia de alegria... ...Afinal de contas, que é "contentamento" e o que é "descontentamento"? "Descontentamento" é a luta pela consecução de mais, e o "contentamento" a cessação dessa luta; mas, não se chega ao contentamento, se se não compreende todo o "processo" relativo ao mais, e por que razão a mente o exige. Se sois mal sucedido num exame, por exemplo, tereis de repeti-lo, não é verdade? Os exames, em qualquer circunstância, são uma coisa sumamente deplorável, porquanto nada representam de significativo, já que não revelaria o verdadeiro valor de vossa inteligência. Passar num exame é, em grande parte, um "golpe" de memória ou, também, de sorte; mas, vós lutais para passardes em vossos exames e, quando sois mal sucedidos, perseverais nessa luta.

 O mesmo "processo" se verifica diariamente, na vida da maioria de nós. Estamos lutando por alguma coisa e nunca nos detivemos para investigar se essa coisa é digna de lutarmos por ela. Nunca perguntamos a nós mesmos se ela merece nossos esforços e, portanto, ainda não descobrimos que não os merece e que devemos contrariar a opinião de nossos pais, da sociedade, de todos os mestres e gurus. É só quando temos compreendido inteiramente o significado do mais, que deixamos de pensar em termos de fracasso e de êxito. Temos sempre medo de falhar, de cometer erros, não só nos exames, mas também na vida. Cometer um erro é coisa terrível, porque seremos criticados, censurados, por causa dele. Mas, afinal, por que não se devem cometer erros?

Toda gente, neste mundo, não vive cometendo erros? E o mundo sairia da horrível confusão em que se encontra, se vós e eu nunca cometêssemos um erro? Se tendes medo de cometer erros, nunca aprendereis coisa alguma. Os mais velhos estão continuamente cometendo erros, mas não querem que vós os cometais e, com isso vos sufocam toda a iniciativa. Por quê? Porque temem que, pelo observar e investigar todas as coisas, pelo experimentar e errar, acabeis descobrindo algo por vós mesmo e trateis de emancipar-vos da autoridade de vossos pais, da sociedade, da tradição. É por essa razão que vos acenam com o ideal do êxito; e o êxito, como deveis ter notado, sempre se traduz em termos de respeitabilidade.

O próprio santo, em seus progressos para a chamada perfeição espiritual, tem de tornar-se respeitável, porque, do contrário, não encontrará "aceitação", não terá seguidores. Estamos, pois, sempre pensando em termos de êxito, em termos de mais; e o mais é encarecido pela sociedade respeitável. Por outras palavras, a sociedade estabeleceu, com todo o esmero, um certo padrão, pelo qual mede o vosso sucesso ou o vosso insucesso. Mas, se amais uma coisa e a fazeis com todo o vosso ser, então já não vos importa o êxito nem o fracasso. Nenhum homem inteligente se importa com isso. Mas, infelizmente, são raros os homens inteligentes, e ninguém vos aponta essas coisas. Tudo o que importa ao homem inteligente é perceber os fatos e compreender o problema - e isso não significa pensar em termos de êxito ou de fracasso. Só quando não amamos o que fazemos, pensamos nesses termos.
 Krishnamurti

Canção da alegria

EL LAGO DE LOS CISNES

Para Elisa...(Beethoven)

BEETHOVEN - 5ª SINFONIA

Hino da alegreia

Células tumorais expostas à "Quinta Sinfonia", de Beethoven, perderam tamanho ou morreram

RIO - Mesmo quem não costuma escutar música clássica já ouviu, numerosas vezes, o primeiro movimento da "Quinta Sinfonia" de Ludwig van Beethoven. O "pam-pam-pam-pam" que abre uma das mais famosas composições da História, descobriu-se agora, seria capaz de matar células tumorais - em testes de laboratório. Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre um nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências. A estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar formas mais eficientes e menos tóxicas de combater o câncer: em vez de radioterapia, um dia seria possível pensar no uso de frequências sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios emocionais. - Esta terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional. Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo - ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo. Como as MCF-7 duplicam-se a cada 30 horas, Márcia esperou dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste prazo, 20% da amostragem morreu. Entre as células sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade. O resultado da pesquisa é enigmático até mesmo para Márcia. A composição "Atmosphères", do húngaro György Ligeti, provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven. Mas a "Sonata para 2 pianos em ré maior", de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais populares em musicoterapia, não teve efeito. - Foi estranho, porque esta sonata provoca algo conhecido como o "efeito Mozart", um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal - pondera a pesquisadora. - Mas ficamos felizes com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas alterações metabólicas, não a morte de células cancerígenas. "Atmosphères", diferentemente da "Quinta Sinfonia", é uma composição contemporânea, caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que, então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo efeito? Aliada a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos, Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra, mas especificamente de um ritmo, um timbre ou intensidade. Em abril, exposição a samba e funk Quando conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será a construção de uma sequência sonora especial para o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores testarão o efeito do samba e do funk sobre as células tumorais. - Ainda não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade de combinações sonoras que podemos estudar é imensa - diz a pesquisadora. Outra via de pesquisa é investigar se as sinfonias provocaram outro tipo de efeito no organismo. Por enquanto, apenas células renais e tumorais foram expostas à música. Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração. A pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas extrapola o componente emocional, é possível que haja uma diferença entre ouví-la com som ambiente ou fone de ouvido. - Os resultados parciais sugerem que, com o fone de ouvido, estamos nos beneficiando dos efeitos emocionais e desprezando as consequências diretas, como estas observadas com o experimento - revela Márcia. Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/03/29/celulas-tumorais-expostas-quinta-sinfonia-de-beethoven-perderam-tamanho-ou-morreram-924114082.asp#ixzz1cDkWBsEe © 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A.

Uma obra prima sobre a Hipocrisia

domingo, 23 de outubro de 2011

O Ponto de Mutação de Fritjof Capra.

Um político estadunidense (Jack Edwards, interpretado por Sam Waterston) vai à França visitar um velho amigo poeta (Thomas Harriman, interpretado por John Heard). Lá, conhecem uma cientista (Sonia Hoffman, interpretada por Liv Ullman) e, juntos, tecem uma profunda discussão sobre questões existenciais. Filme baseado na obra "The Turning Point" (O ponto de Mutação), de Fritjof Capra.

Buddha - Little Buddha (Buda)

(...) Se você esticar muito a corda ela arrebenta. E se você deixá-la muito frouxa ela não tocará.

Eram os Deuses Astronautas?

Esta é a versão cinematográfica do grande clássico "Eram os Deuses Astronautas?", de Erich von Däniken. Eram os Deuses Astronautas? (Erinnerungen an die Zukunft, no original alemão) é um livro escrito em 1968 pelo suíço Erich von Däniken, onde o autor teoriza a possibilidade das antigas civilizações terrestres serem resultados de alienígenas que para cá teriam se deslocado. Von Däniken apresentou como provas ligações entre as colossais pirâmides egípcias e incas, as quilométricas linhas de Nazca, os misteriosos moais da Ilha de Páscoa, entre outros grandes mistérios arquitetônicos. Ele também cria uma teoria de cruzamentos entre os extraterrestres e espécies primatas, gerando a espécie humana. Dizia o autor também que esses extraterrestres eram considerados divindades pelos antigos povos: daí vem a explicação do título do livro. Unido à época lançada - um ano antes do homem ir à Lua -, von Däniken conseguiu vender milhares de livros e convencer muitos leitores. As teorias defendidas neste e em outros livros de Däniken ainda são tema de discussão, leiga ou acadêmica, contrária ou favorável. Alguns autores exploram o tema da teoria dos astronautas antigos. Däniken se baseou em misteriosos sinais arqueológicos de cinco continentes, inscrições gravadas em pirâmides, ilustrações de calendários astecas e maias - realizações essas de cunho altamente avançado para as suas respectivas épocas. As pesquisas duraram treze anos, com mais de 100 mil quilômetros em viagens. Produzido originalmente em 1969, ano da SUPOSTA "chegada do homem à Lua", este documentário dirigido por Harald Reinl foi rodado em 40 diferentes locais, incluindo México, Egito, Peru e Bolívia.

O Pequeno Príncipe

(...) - Eu conheco um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisas senão somas. E o dia todo repete como tú. " Eu sou um homem sério" e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo! O essencial é invisível para os olhos ... Antoine de Saint-Exupéry

Sócrates

Com direção do mestre italiano Roberto Rossellini, esta superprodução européia é a cinebiografia de Sócrates, um dos maiores filósofos da humanidade.

Fernão Capelo Gaivota

Fernão Capelo Gaivota é uma ave que não se contenta em voar apenas para comer. Ele tem prazer em voar e esforça-se em aprender tudo sobre vôo. Por ser diferente do bando, é expulso. O filme faz uma analogia entre o homem e a gaivota, no sentido de mostrar as dificuldades de superação dos limites, do encontro com a liberdade verdadeira, pautada no amor e na compreensão do outro. Esse filme é dedicado ao verdadeiro Fernão Capelo Gaivota que existe em todo nós...

Irmão sol e irmã lua - História de São Francisco de Assis

Um dos pontos marcantes do Filme...

 (...) Alguém a procura da luz. 
Eu estava na escuridão e meu irmão sol iluminou minha alma e agora estou vendo tão claramente... 
 O que quero é ser feliz, viver como os pássaros dos céus... 
quero provar a liberdade e toda a pureza que eles tem e o resto não tem importância para mim. 
 Não tem acreditem.
 Se a finalidade da vida é essa labuta sem amor, então não é para mim. 
Deve haver algo melhor, tem que haver ... 
 O homem é um espirito, ele tem alma, é isso que quero recapturar ...
 a minha alma. <

sábado, 22 de outubro de 2011

O Flagelo das drogas

Quero dar, como introdução a esta parte esotérica, dois pontos que são básicos e fundamentais para abrirmos brecha através do planeta, já que são os dois pontos que na realidade hoje têm um papel de muita importância e que nem a ciência, nem os governos, nem ninguém tem podido encontrar uma fórmula apropriada para acabar com este flagelo que está consumindo a maior parte da humanidade, especialmente a juventude: E O FLAGELO DA DROGA. Vocês sabem que a droga esta espalhada por todos o planeta e muito mais entre a juventude. Ela tem caído por ignorância ou buscando algo superior dentro das drogas e na realidade a droga é algo nocivo não somente ao corpo físico ou tridimensional mas também à parte espiritual e vou permitir-me dar-lhes uma pequena explicação do que tenho logrado investigar fora da parte tridimensional e conhecer todos os estragos que a droga está fazendo. Sabemos muito bem que um jovem começa a ingerir a droga e em pouco tempo está transformado num velhos decrépito, porque a droga afeta a parte sexual. A pessoa chega à impotência sexual prematuramente. Porquê? Inalando-se a droga pelo nariz, a respiração está conectada diretamente com a parte sexual, com a energia, e é lógico que vai acabando com a parte sexual e ao acabar com a energia acaba com a vida rapidamente. Se dermos uma olhada no Corpo Vital ou Corpo Etérico, na Quarta Coordenada, este corpo em uma pessoa normal é visto resplandecente, brilhante. Ao invés disto, em um toxicômano, vai-se apagando, vai-se desintegrando essa parte vital, ela vai perdendo seu brilho até ficar um cadáver. O Corpo Vital, como sabemos, é o que vitaliza, ou que dá vida e recupera o corpo físico nos momentos em que o corpo descansa ou dorme. Se perdemos a parte vital, é lógico que estamos a beira do cemitério. Se passamos à Quinta Dimensão, vemos o Corpo Astral do toxicômano andando como um idiota, como um louco desenfreado, fazendo e desfazendo e se olharmos dentro desse Corpo Astral, aquilo que chamamos Ego—os demônios que levamos dentro de nós—, estão em um grande festim. Porquê? Porque através das drogas a pessoa está alimentando aqueles elementos psíquicos que nós desejamos destruir; já que estas drogas são alimento para eles. Se passamos ao Corpo Mental e examinamos o cérebro de um toxicômano, vê-se os tecidos do cérebro do Corpo Mental totalmente destruído; vão se abrindo gretas e os tecidos apodrecendo, destruindo-se a si mesmo e o resultado é a repercussão na parte física, na qual a pessoa se desequilibra e comete barbaridades por causa do desequilíbrio mental, devido ao rompimento do Corpo Mental. E é algo mais grave ainda passando ao Mundo Causal, vemos que a Essência chega a sofrer as conseqüências das drogas porque ela anda muito adormecida, anda como um bêbado que já está a cair no chão. Assim se vê a Essência de um toxicômano. De modo que observem não somente os danos tridimensional, mas também internamente, os estragos que faz a droga sobre a pessoa que se dedica a seu consumo. Isto é grave. Há muitas pessoas no Movimento Gnóstico que passaram por esta experiência das drogas. Estas pessoas demorarão muito mais tempo para despertar a consciência, até que por meio da mesma energia irão curando pouco a pouco, todas estas atrocidades que as drogas fazem dentro delas mesmas; são destroços nos Corpos Internos. De modo, pois, que estas pessoas vão demorar um pouco mais, porém vemos como se recuperam. No trabalho
com os Três Fatores vai recuperando-se o corpo físico, vai recuperando-se o corpo vital e assim sucessivamente; à medida que a pessoa vai trabalhando, vão recuperando-se os diferentes corpos e assim poderá chegar a ser uma pessoa normal e capacitada para trabalhar e libertar-se. De maneira pois, que isto é algo que deveria publicar-se nos jornais e em todos os lugares e nos outros meios de difusão, para o bem da humanidade e especialmente da juventude, que é o povo de amanhã. A nossa esperança é a juventude e não devemos deixá-la sucumbir por nossa inatividade, mas devemos nos lançar a um campo de batalha para levar esta mensagem aos colégios, a todas as partes; reunir os jovens, entregar-lhes o corpo de doutrina e ademais fazer-lhes esta advertência sobre as drogas, para onde os leva e as conseqüências que tem. Este é um aspecto importantíssimo que devemos ter como base fundamental dentro do Movimento Gnóstico para abrir campanha definitivamente e conseguirmos encaminhar os jovens pelo caminho espiritual. Isto que acabo de dizer-lhes posso afirmá-lo e me responsabilizo pelo que estou dizendo. Estou falando do que conheço, do que consegui vivenciar e posso dar fé ante Deus e ante os homens. Esta mensagem, devem reproduzi-la, levá-la a todas as partes, reproduzir nos jornais, porque na realidade isto é algo que queremos fazer pela humanidade e pela juventude, que é o que nos interessa nestes momentos posto que são o povo de amanhã, é o exemplo de amanhã, dos que nos seguem porque já nós (os velhos) estamos nos últimos impulsos, quase parando, e devemos deixar preparada a juventude para que ela siga adiante. Tomara que com esta mensagem se inicie imediatamente à publicidade, por meio de um artigo no jornal ou emissoras de rádio, porque queremos que de uma vez entremos em ação; não deixemos para amanhã, pois poderá ser tarde. Ou seja, imediatamente começar à divulgação deste artigo que é de suma importância. A um toxicômano nunca podemos fechar-lhe as portas. Há que abrir-lhes as portas, chamá-los, e dar-lhes instrução, orientação, para que eles possam abandonar a droga e entrem neste Conhecimento de regeneração. Poderia nos esclarecer mais sobre o que o senhor falou sobre as drogas, já que é nosso propósito trabalhar nesse sentido? Que orientações práticas podemos dar a uma pessoa que chegou aos cursos com o vício já enraizado e não podemos afastá-la? Há alguma forma, esotérica ou através de alguma medicina natural, alguma planta, alguma prática especial,que possamos aconselhar a essa pessoa para ajudá-la? Veja, no Movimento Gnóstico entraram muitos toxicômanos, muitas vezes até loucos. E com o trabalho dos três Fatores têm-se regenerado e transformam-se verdadeiramente em pessoas normais, úteis a sociedade. O que acontece é que um toxicômano deve mudar-se da cidade onde mora para afastar-se desse círculo, porque eles associam-se em grupos para drogarem-se e assim por diante. É preciso tirá-lo desse lugar para outra cidade onde não tenha essa classe de associação, não tenha esse contato, pois eles, ao verem-se sós abandonam mais facilmente o vício. O que eles não devem é continuar dentro de sua própria cidade, mas sim abandoná-la, sendo que por onde quer que andem , na mesma cidade, encontram companheiros que lhes oferecem as drogas, os provocam e assim voltam a cair outra vez no vício. Porém se nós os afastamos do lugar, que vão a morar em outro, eles colaboram muito bem porque todos querem deixar as drogas; o que acontece é que não encontram como fazê-lo. Então lhes aconselhamos, por exemplo, que mudem primeiramente do lugar onde moram e assim eles podem afastar-se desses companheiros e abandonar as drogas, porque assim temos feito e tem dado ótimos resultados. Não há outra fórmula especial, somente os Três Fatores. Se lhes ensinar-mos a trabalhar com a Morte, há mudança neles e se arrependem e deixam estes vícios. Fonte: http://www.gnoses.net/ (Mensagem de Natal—1988 –1989— VM Rabolu)

Consumo excessivo de álcool danifica memória de jovens

Pesquisadores espanhóis descobriram que uma bebedeira pode destruir a memória de longo prazo de jovens adultos. A informação foi publicada nesta terça-feira (17) no site do jornal britânico "The Telegraph". Eles acreditam que o consumo abusivo de álcool torna mais difícil a construção de novas memórias, pois o hipocampo --uma área no centro do cérebro que desempenha papel-chave na aprendizagem e memória-- é muito suscetível aos seus efeitos tóxicos. A descoberta é preocupante, pois a embriaguez é um problema crescente no Reino Unido e em outros países europeus, particularmente em jovens e universitários. O estudo com universitários descobriu que o consumo excessivo de álcool afeta a memória declarativa --uma forma de memória de longo prazo. Os estudantes mostraram uma redução na capacidade de aprender novas informações que lhes são transmitidas verbalmente. Em uma escala, eles obtiveram as menores pontuações em dois testes para saber quanto conhecimento eles retiveram e recolheram. Segundo a pesquisadora Maria Parada, da Universidade de Santiago de Compostela, "em países do norte europeu, há uma forte tradição de consumo esporádico, orientado, de álcool. Em contraste, os países da costa do Mediterrâneo, como a Espanha, são tradicionalmente caracterizados por um consumo mais regular de baixas doses de álcool." "É importante examinar os efeitos do álcool no hipocampo, pois em estudos com animais, especialmente em ratos e macacos, esta região parece sensível aos efeitos neurotóxicos do álcool, e ela desempenha um papel fundamental na memória e aprendizado. Em outras palavras, o consumo excessivo de álcool pode afetar a memória de jovens adultos, o que pode prejudicar o seu dia a dia." O estudo, publicado na revista "Alcoholism: Clinical & Experimental Research", analisou 122 estudantes universitários espanhóis, com idades entre 18 a 20 anos. Eles foram divididos em dois grupos: os que beberam e os que se abstiveram. Foram então submetidos a uma avaliação neuropsicológica que incluiu recordar experiências visuais e verbais. "Nossa principal descoberta foi uma clara associação entre o consumo excessivo de álcool e a menor capacidade de aprender novas informações verbais em universitários saudáveis, mesmo após o controle de outras possíveis variáveis, como nível intelectual, histórico de distúrbios neurológicos ou psicopatológicos, uso de outras drogas, ou histórico familiar de alcoolismo", disse Parada. Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/917006-consumo-excessivo-de-alcool-danifica-memoria-de-jovens.shtml

Abuso de álcool causa danos ao cérebro de adolescentes

Um estudo realizado no Instituto de Pesquisa Scripps em La Jolla, na Califórnia, com macacos adolescentes revelou que beber excesso em idade precoce pode causar danos permanentes ao cérebro. Os piores danos impedem que as células-tronco se tornem neurônios no hipocampo, área do cérebro responsável pela memória e consciência espacial. Como os cérebros dos macacos e dos humanos se desenvolvem da mesma maneira, a pesquisa sugere que efeitos similares podem ocorrer em adolescentes humanos. Assim, o estudo reforça o argumento da política antiálcool dos EUA e outras que visam aumentar a idade mínima para os jovens começarem a beber. INÍCIO PRECOCE A equipe da pesquisadora Chitra Mandyam serviu bebidas alcoólicas de sabor cítrico a quatro macacos rhesus por uma hora ao dia durante um período de 11 meses. Dois meses depois, os animais foram sacrificados e seus cérebros foram comparados aos dos macacos que não haviam consumido álcool. Os macacos que bebiam regularmente tiveram de 50% a 90% menos células-tronco em seu hipocampo, em comparação aos outros. "Vimos uma queda profunda nas células vitais", disse Mandyam. "É importante saber que o ato de beber com frequência pode matar células-tronco. A perda resulta em danos à memória e a habilidades especiais", acrescenta. EFEITOS DURADOUROS Mandyam acredita que a degeneração pode ter efeito a longo prazo e explica a razão pela qual adolescentes boêmios são mais propensos a desenvolver dependência de álcool quando adultos. Uma nova medida para combater o consumo de álcool entre menores de idade foi lançada no início deste mês pela Academia Americana de Pediatria (AAP). Ela se baseia em resultados de estudos anteriores que mostraram que 41% das crianças que começam a beber regularmente aos 12 anos de idade desenvolvem dependência ao longo da vida, em comparação a 11% das pessoas que começam a beber aos 18. "Os resultados apoiam os esforços do US Surgeon General para aumentar a idade mínima que permite que os jovens comecem a beber", disse Ellen Witt do Instituto Nacional de Abuso do Álcool e Alcoolismo dos EUA em Bethesda, Maryland. "Também é importante reconhecer que bebedeiras podem gerar consequências negativas no cérebro, independente da idade." Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/746967-abuso-de-alcool-causa-danos-ao-cerebro-de-adolescentes.shtm

SOBRE O VAZIO EXISTENCIAL

O nosso problema está no fato de a nossa vida ser vazia e de não conhecermos o amor; conhecemos sensações, conhecemos a publicidade, conhecemos exigências sexuais, mas não há amor. E como se faz para transformar esse vazio, como encontrar essa chama sem fumaça? Esta é por certo a pergunta, não é? Então, vamos descobrir juntos a verdade desse assunto. Por que a nossa vida é vazia? Embora sejamos muito ativos, embora escrevamos livros e freqüentemos o cinema, embora nos divirtamos, amemos e vamos ao escritório, nossa vida é vazia, tediosa, mera rotina. Por que os nossos relacionamentos são tão superficiais, estéreis e sem muito sentido? Conhecemos a nossa vida suficientemente bem para saber que a nossa existência tem muito pouco significado; citamos frases e idéias que aprendemos — o que fulano ou beltrano disseram, o que os mahatmas, os santos mais recentes ou os antigos santos disseram. Se não for um líder religioso, seguimos um líder político ou intelectual, seja Marx, Adler ou Cristo. Somos apenas fitas gravadas que repetem, e damos a esse repetição o nome de conhecimento. Aprendemos, repetimos, e a nossa vida continua extremamente superficial, entediante e repulsiva. Por quê? Por que é assim? Por que atribuímos tanta importância às coisas da mente? Por que a mente veio a se tornar tão importante na nossa vida — quando digo mente refiro-me às idéias, ao pensamento, à capacidade de racionalizar, de avaliar, de sopesar, de calcular? Por que damos uma ênfase tão extraordinária à mente? O que não significa que devamos nos tornar emotivos, sentimentais e melosos. Conhecemos esse vazio, esse extraordinário sentimento de frustração. Por que há na nossa vida essa vasta superficialidade, esse sentimento de negação? Não há dúvida de que só podemos compreendê-lo quando o abordamos por meio da consciência do relacionamento. O que de fato está acontecendo nos nossos relacionamentos? Nossos relacionamentos não constituem um auto-isolamento? Não são todas as atividades da mente um processo de salvaguarda, de busca de segurança, de isolamento? Não é esse pensamento, que dizemos ser coletivo, um processo de isolamento? Não é toda ação da nossa vida um processo de auto-encerramento? Vocês podem vê-lo na sua vida diária. A família tornou-se um processo de auto-isolamento e, sendo isolada, deve existir em oposição. Assim, todas as nossas ações estão levando ao auto-isolamento, que cria essa sensação de vazio; e, sendo vazios, procuramos preencher o vazio com rádios, com barulho, com tagarelices, com fofocas, com a leitura, com a aquisição de conhecimento, com a respeitabilidade, o dinheiro, a posição social e por aí afora. Mas tudo isso é parte do processo de isolamento e, portanto, apenas reforça o isolamento. Assim, para a maioria de nós, a vida é um processo de isolamento, de negação, de resistência, de ajustamento a um padrão; e, naturalmente, nesse processo não há vida, havendo, por conseguinte, uma sensação de vacuidade, uma sensação de frustração. Claro que amar alguém é estar em comunhão com essa pessoa, não num determinado grau, mas completa, integral e profusamente; porém, nós não conhecemos esse amor. Só conhecemos o amor como sensação — os meus filhos, a minha mulher, a minha propriedade, o meu conhecimento, a minha realização; e isso é novamente um processo de isolamento. A nossa vida, em todas as direções, leva à exclusão; ela é um impulso de auto-isolamento da parte do pensamento e do sentimento; às vezes conseguimos nos comunicar com o outro. Eis por que existe esse enorme problema. Ora, esse é o estado atual da nossa vida — respeitabilidade, posse e vazio — e a pergunta é como proceder para irmos além dele. Como ir além dessa solidão, desse vazio, dessa insuficiência, dessa pobreza interior? A meu ver, a maioria de nós não deseja fazê-lo. A maioria de nós fica satisfeita com a maneira como é; é muito cansativo descobrir uma coisa nova, e por isso preferimos permanecer como estamos — e aí reside a verdadeira dificuldade. Temos muitas coisas que nos dão segurança; construímos paredes ao redor de nós mesmos, com as quais estamos satisfeitos e, ocasionalmente, há um murmúrio vindo de além da parede; há de vez em quando um terremoto, uma revolução, uma perturbação que logo neutralizamos. Desse modo, a maioria de nós na realidade não quer ir além do processo de auto-isolamento; tudo o que procuramos é um sucedâneo, a mesma coisa numa outra forma. Nossa insatisfação é bem superficial; queremos uma coisa nova que nos satisfaça uma nova segurança, uma nova maneira de nos proteger — o que é, mais uma vez, o processo de isolamento. O que estamos procurando, a bem dizer, não é ir além do isolamento, mas reforçá-lo de modo que ele venha a ser permanente e livre de interferências. São poucos os que desejam derrubar as barreiras e ver o que existe para, além disso, que chamamos de vacuidade, solidão. Aqueles que buscam um sucedâneo para o antigo ficarão satisfeitos ao descobrir algo que proporcione uma nova segurança, mas há evidentemente quem queira ir, além disso; por isso, prossigamos com eles. Ora, para ir além da solidão, do vazio, é preciso compreender todo o processo da mente. O que é isto que chamamos de solidão, de vazio? Como sabemos que é vazio, que é solidão? A partir de que critério vocês dizem que é isto e não aquilo? Quando vocês dizem que é solidão, que é vazio, qual é a referência? Vocês só podem sabê-lo a partir das medidas proporcionadas pelo antigo. Vocês dizem que algo é vazio, vocês o nomeiam, e julgam tê-lo compreendido. Não será o próprio ato de nomear um empecilho à sua compreensão? A maioria de nós sabe o que é a solidão, da qual estamos tentando escapar. A maioria de nós tem consciência dessa pobreza interior, dessa insuficiência interior. Não se trata de uma reação abortiva, mas de um fato; e ao lhe dar um nome não o podemos dissolver — ele está presente. Ora, como conhecemos seu conteúdo, como chegamos a saber qual é a sua natureza? Vocês conhecem alguma coisa por lhe dar um nome? Vocês me conhecem ao me chamar por um nome? Vocês só podem me conhecer quando me observam, quando têm comunhão comigo, mas chamar-me por um nome, dizer que sou isso ou aquilo, obviamente põe fim à comunhão comigo. De modo semelhante, para se conhecer a natureza daquilo que denominamos solidão, tem de haver comunhão com ela, e a comunhão não é possível se vocês a nomeiam. Para compreender alguma coisa, é preciso antes de tudo fazer cessar o ato de nomear. Se desejam de fato entender seu filho — o que eu duvido — o que vocês fazem? Vocês olham para ele, observam-no a brincar, contemplam-no, estudam-no. Em outras palavras, vocês amam aquilo que desejam compreender. Quando vocês amam alguma coisa, há naturalmente comunhão com essa coisa, mas o amor não é uma palavra, um nome, um pensamento. Vocês não podem amar aquilo a que dão o nome de solidão porque não têm plena consciência dela, porque a abordam com medo — não medo da solidão, mas de outra coisa. Vocês não pensaram sobre a solidão porque não sabem de fato o que ela é. Não riam; isto não é um argumento inteligente. Pensem bem no assunto enquanto falamos e verão todo o seu alcance. Logo, aquilo que denominamos o vazio é um processo de isolamento que é o produto do relacionamento cotidiano, porque, no relacionamento, consciente ou inconscientemente, estamos procurando a exclusão. Vocês querem ser o proprietário exclusivo daquilo que lhes pertence, da mulher ou do marido, dos filhos; quer caracterizar a coisa ou pessoa como meu o que evidentemente significa aquisição exclusiva. Esse processo de exclusão deve inevitavelmente levar a um sentimento de isolamento; e como nada pode viver em isolamento, há conflito, e estamos tentando escapar desse conflito. Todas as formas de fuga que podemos conceber — as atividades sociais, a bebida, a busca de Deus, a puja, a realização de cerimônias, a dança e outras diversões — estão no mesmo nível: e se vemos na vida diária esse processo total de fuga do conflito e queremos suplantá-lo, temos de compreender o relacionamento. Só quando a mente não está escapando de nenhuma maneira é possível estar em comunhão direta com aquilo a que damos o nome de solidão: o só; e para haver comunhão com isso, tem de haver afeição, tem de haver amor. Em outras palavras, vocês têm de amar a coisa para compreendê-la. O amor é a única revolução, e o amor não é uma teoria nem uma idéia; ele não segue nenhum livro nem padrão de comportamento social. Logo, a solução do problema não vai ser encontrada nas teorias, que servem somente para aumentar o isolamento. Ela só será encontrada quando a mente, que é pensamento, não estiver empenhando em fugir da solidão. A fuga é um processo de isolamento, e a verdade é que só pode haver comunhão quando há amor. Só então é resolvido o problema da solidão. KRISHNAMURTI – SOBRE O AMOR E A SOLIDÃO - CULTRIX

SOBRE SOLIDÃO 1

Acredito que a maioria de nós sabe o que é ser solitário. Conhecemos esse estado quando todos os relacionamentos foram cortados, quando nem o passado e nem o futuro têm sentido, quando há uma completa sensação de isolamento. Ainda que você esteja com um grande número de pessoas, num ônibus cheio, ou simplesmente sentado ao lado do seu amigo, do seu marido ou da sua mulher, essa onda subitamente passa por você, essa sensação de incrível vazio, um abismo, um vácuo. E a reação instintiva é fugir dela. Para isso você liga o rádio, conversa, ou se filia a determinada sociedade, ou prega sobre Deus, sobre a verdade, o amor e tudo o mais. Você pode escapar através de Deus, ou através do cinema; todos os modos de escape são o mesmo. E a reação é o medo desse completo senso de isolamento e de fuga. Você conhece todos os meios de fuga através do nacionalismo, da pátria, dos filhos, do seu nome, da sua propriedade, em nome dos quais você está disposto a lutar, a brigar, a morrer. Entretanto, se verificar que todos os meios de fuga são o mesmo, e se você realmente percebe o significado de escapar, você pode ainda assim escapar? Ou melhor, existe fuga? E se você não estiver fugindo, haverá ainda conflito? Você compreende? É a fuga daquilo “que é”; é o desejo de atingir algo diferente daquilo “que é” que acaba criando o conflito. Assim, para que a mente possa ir além desse senso de solidão, desse súbito cessar de toda lembrança de qualquer relacionamento, onde se inclui a inveja, o ciúme, o desejo de aquisição, a tentativa de ser virtuoso e tudo o mais — ela deve primeiro enfrentar isso, passar por isso, de sorte que o medo, em qualquer forma que se apresente, se dissolva. Pergunto: pode a mente perceber a futilidade de todos os meios de fuga através de uma fuga? Então não haverá conflito, não é verdade? Pois não haverá observador da solidão; não haverá o vivencial da solidão. Você está me acompanhando? Essa solidão é a cessação de todo relacionamento; idéias não importam mais; o pensamento perdeu todo o seu significado. Estou descrevendo, mas, por favor, não se limitem a ouvir porque depois vocês serão deixados com as cinzas. Afinal, o objetivo destas conversas é realmente livrar desses terríveis emaranhados, ter na vida algo mais que o conflito, algo mais que o medo, o aborrecimento e a monotonia da existência. Onde não existe o medo há a beleza, não a beleza de que falam os poetas, a que é pintada pelos artistas, e assim por diante, mas algo bastante diferente. E para descobrir a beleza é preciso passar por esse completo isolamento; ou melhor, você não precisa passar por ele; ele está presente. Você escapou dele, mas ele está aí, sempre a persegui-lo. Está aí, no seu coração, na sua mente, nas profundezas e recessos do seu ser. Você o encobriu, escapou dele, fugiu; mas ele está aí. E a mente precisa vivenciá-lo como uma purgação pelo fogo. Pode a mente fazer isso sem uma reação, sem dizer que se trata de um estado horrível? No momento em que você tem uma reação, há o conflito. Se você o aceita, ainda assim carrega o seu peso e, quando o nega, o encontrará logo adiante. Sem nenhuma reação, a mente é essa solidão; ela não precisa passar por ela, é ela. No momento em que você pensa em termos de superar isso e atingir algo diferente, você de novo está em conflito. No momento em que você diz, “Como irei superar isso, como deverei realmente encarar isso?”, você está novamente em conflito. Assim, há o vazio, há esta extraordinária solidão que nenhum Mestre, nenhum guru, nenhuma idéia, nenhuma atividade pode afastar. Você brincou com todas elas, experimentou todas elas, mas elas não podem preencher este vazio; é um poço sem fundo. Mas não é um poço sem fundo no momento em que você o está experimentando. Compreende? Percebem, se a mente ficar inteiramente livre de conflitos, totalmente, completamente sem apreensões, sem medo e ansiedade, deve haver o experimentar deste extraordinário senso de ter relacionamento com nada. E daí decorre uma sensação de solidão. Por favor, não imagine que você a tem; é tarefa muito árdua. E é apenas então, nesse senso de solidão em que não há medo, que ocorre um movimento em direção ao imensurável, pois então não há ilusão, não há o produtor de ilusões, não há o poder de criar ilusão. Enquanto houver conflito, haverá poder de criar ilusão, e com a total cessação do conflito todo medo terá cessado, e portanto não há mais busca. Fico a me perguntar se vocês entenderam. Afinal, vocês todos estão aqui por estarem procurando. E, se examinarem bem, o que estão procurando? Estão procurando algo além desse conflito, dessa desgraça, sofrimento, agonia, ansiedade. Estão em busca de um meio de sair disso. Mas quando se compreende o que foi dito, cessa toda a busca, o que é um estado extraordinário da mente. Sabem, a vida é um processo de desafios e respostas, não é? Há o desafio de fora — o desafio da guerra, da morte, de dúzia de coisas diferentes — e respondemos. E o desafio é sempre novo, mas nossas respostas são sempre antigas, condicionadas. Não sei se isto está claro. No intuito de responder ao desafio preciso reconhecê-lo, não é verdade? E se eu o reconheço, o faço em termos do antigo, então é o antigo, obviamente. Peço que percebam isto, pois pretendo avançar um pouco mais. Para um homem muito voltado para dentro, os desafios de fora não mais interessam, mas ainda assim ele tem seus próprios desafios interiores e respostas. No entanto, estou falando da mente que não está mais a procurar, e, portanto não mais está tendo um desafio e resposta. Este não é um estado satisfeito, que se contentou, acovardado. Quando você tiver compreendido a significação do desafio exterior e a resposta, e o significado do desafio interior que se atribui a si mesmo e à resposta, e tiver percorrido tudo isso com docilidade, sem perder meses ou anos com isso, então a mente não mais está moldada pelo ambiente; não é mais influenciável. A mente que atravessou essa extraordinária revolução pode enfrentar qualquer problema sem que este deixe qualquer marca, qualquer raiz. Então, qualquer sentido de medo terá desaparecido. Não sei até onde me acompanharam nisso. Sabem, ouvir não é meramente escutar; ouvir é uma arte. Tudo isso é parte do autoconhecimento; e se alguém realmente ouviu e mergulhou em si mesmo com profundidade, é uma purificação. E aquilo que está purificado recebe uma bênção que não é a bênção das igrejas. Krishnamurti - Londres, 18 de Maio de 1961 – Sobre Relacionamentos – Ed. Cultrix