Seguidores

domingo, 16 de setembro de 2018

O viés mental para a negatividade

Resultado de imagem para o cerebro negativo




Um casal jantava em um restaurante a beira de uma estrada, ao mesmo tempo que contemplavam uma bela árvore de natal, com 365 luzes, representando os dias do ano que estava acabando.

Em um dado momento, o silêncio foi interrompido com uma exclamação da mulher:

- Que bela árvore!

O rapaz retrucou...

- Sim... mas você reparou que tem 5 luzes queimadas?

- Mas, se tem tantas luzes acesas, porque você esta focando nas queimadas?



Essa breve história, retrata algo muito comum no nosso cotidiano, onde chegamos no final do dia, da semana, de um ano, de um projeto, de uma viagem, de um relacionamento, etc., damos mais importância ou fica mais marcado em nós, aquilo que não deu certo, seja um pequeno incidente, uma crítica, um atraso etc.

Por que que isto acontece?



Por que o negativo cola fortemente em nossa mente , sobrepondo as coisas boas que aconteceram?


Por que uma nota vermelha sobrepõem as 10 notas positivas, que recebeu no final do semestre e o molho que sujou sua blusa numa festa, foi mais marcante que a festa?

Sua apresentação ficou ótima, mas porém, tem um pequeno detalhe que você precisa melhorar ... mas porque esse pequeno detalhe, na sua mente se transformou em um GRANDE DETALHE,  de maneira que sobrepõe a alegria de ter tido êxito em seu trabalho?

Se algo frustante aconteceu com você durante o dia e ao chegar á noite, o que é mais provável que ira acontecer é que essa situação negativa irá aparecer em primeiro lugar e com mais peso, mesmo que, tenha acontecido várias coisas positivas.

Enfim... isso tudo é o que podemos definir como  o viés mental para a negatividade.

A  psicologa Dra Daniela Sopezki, explica:

(...)
O viés da negatividade se desenvolveu há milhões de anos atrás, quando vivíamos nas cavernas, com predadores e tribos rivais por perto, portanto, era crucial que estivéssemos atentos a quaisquer perigos. Se não fizéssemos isso, estaríamos mortos. Talvez a raça humana nem teria sobrevivido se não tivéssemos essa condição de estado de alerta para estímulos perigosos. Assim, nossos cérebros evoluíram para olhar para fora, para todas as ameaças potenciais a nossa segurança.
Nossos cérebros ainda executam essa função, apesar de perigos reais para as nossas vidas serem mais raros, em nosso cotidiano (tal como era quando se vivia na selva). Consequentemente, ainda temos o que os neuro-psicólogos chamam de viés da negatividade.
 Notamos o negativo, as falhas em uma situação, as potenciais ameaças ao nosso bem-estar, muito mais rapidamente do que nós observamos o positivo. Especificamente, nós tendemos a superestimar ameaças, subestimar as oportunidades, e subestimar os recursos (para lidar com ameaças e oportunidades e potenciais oportunidades).
Além do mais, quando percebemos o negativo, ele imediatamente fica armazenado na memória, ao passo que todas as experiências positivas precisam receber um tempo de atenção, pelo menos alguns segundos para que sejam transferidas para nossos arquivos da memória de curto prazo e, posteriormente, para o armazenamento de longo prazo.

Podemos notar no texto acima que esse foco no negativo, foi uma estratégia de sobrevivência, para evitar o perigo, somos o resultado dessa evolução, e hoje, mesmo que os perigos não colocam em risco a nossa vida, como uma crítica, um atraso, um chefe chato, uma longa fila; o nosso cérebro ainda foca nisso, porque segundo o neuropsicólogo Rick Hanson -  o cérebro foi desenvolvido com maior sensibilidade ao negativo, porque foi se aperfeiçoando para nos manter vivos e não necessariamente felizes.
Resultado de imagem para a mente negativa
Muitas vezes, esse negatividade é tão grande, que desqualificamos o positivo, como por exemplo, a pessoa recebe um elogio sincero, e ela fica pensando, o que será que esta pessoa esta querendo? Qual foi o motivo desse elogio? Esse elogio deve ser falso, porque deve ter uma segundo intenção por de trás.

Mesmo acontecendo coisas positivas, novas oportunidades, a pessoa desqualifica e busca sempre um motivo de ver isso como algo negativo.

O viés da negatividade leva a nossa  atenção a se prender  mais nos pensamentos  negativos do que nos positivos, porque a evolução do nosso cérebro, nos levou a desenvolver esse mecanismo de focar a nossa atenção sobre os possíveis perigos que podemos encontrar na nossa rotina e a desconfiar do positivo  ou das possibilidades de sucesso por acreditar que pode ser uma cilada.

Podemos observar isso facilmente nos relacionamentos, onde é muito mais fácil de percebermos e de valorizar  mais as caraterísticas negativas das pessoas, do que as positivas.

O que fazer com tudo isso?


A boa notícia é que podemos superar o viés da negatividade com Mindfulness.

Como?


Basicamente dois caminhos!


O primeiro é ficando ciente desses pensamentos negativos e olhar em perceptivas para aquele pensamento e não tê-lo como uma verdade absoluta.

Para melhor compreender essa questão, sugiro que seja lido os dois artigos, nos links abaixo:



O segundo caminho é treinar o nosso cérebro para ver o positivo. Isso não significa que vamos deixar de ver o negativo, mas vamos, equilibrar essa capacidade de ver os potenciais perigos de uma situação sem hiper valorizar os riscos e também ver e valorizar os aspectos positivos.

Normalmente temos, mais experiência positivas do que negativas, no nosso dia, mas porém, temos a tendência de nos acostumarmos, com essas experiências, á medida que o tempo passa, isso que os cientistas adaptação hedônica.

Todos os dias acordamos no conforto de nossa cama, levantamos vamos até ao banheiro e em seguida tomamos nosso café... o que tem de se extraordinário nisso?

Aparentemente nada quando olhamos no piloto automático.

Quando olhamos ou melhor sentimos, por um momento, o conforto de nossa cama e somos gratos por uma noite de sono, pelo descanso que tivemos, pelos sonhos que lembramos, por sentir o corpo cheio de energia para mais um dia... nossa cama ajudou a ancorar tudo isso.
Resultado de imagem para a mente negativa
Vamos ao banheiro ... é algo tão banal escovar os dentes ... mas, a facilidade com que podemos higienizar os nossos dentes, foi produto de uma evolução que estamos desfrutando hoje, com facilidade.

Vamos tomar o nosso café ... por de trás de uma simples xícara de café, quantas pessoas não foram envolvidas até esse café estar disponível a nós?

Desde o caixa do supermercado, a pessoa que colocou na prateleira, o dono do supermercado que comprou, o vendedor, a transportadora que trouxe, a torrefatora, o trabalhador que colheu, o agricultor que plantou e cuidou, o pesquisador que desenvolveu a variedade, a forma que foi introduzido no Brasil, o seu centro de origem ... etc., quanto conhecimento e história acumulada, por de trás de uma xícara de café, do pão, da manteiga, etc., por um  breve momento podemos ser grato por esse café e ver/sentir todo esse aspecto positivo, que estamos desfrutando.

Vou sair de casa para o trabalho ... apago as luzes da casa,  recordo que quando criança onde morava não havia energia elétrica, e tão pouco água encanada... quantas coisas positivas, hoje eu desfruto, e que no piloto automático, não reconheço e tão pouco sou grato.

De casa ao trabalho, como é facilitado o transporte e nem sempre foi assim...

Podemos fazer esse exercício e dessa forma ir descobrindo como tem coisas positivas no nosso dia que não percebemos, do levantar ao deitar, e a medida que vamos desenvolvendo essa habilidade em ver o positivo, vamos treinando o nosso cérebro para ver os aspectos positivos da nossa vida, nascendo então o sentimento da gratidão.

Durante o dia busque notar as experiencia positivas, uma pequena gentileza no trânsito ou no ambiente do trabalho, o brilho do sol, um sorriso, o cantar de um pássaro, a beleza de uma flor, de uma árvore ... fique consciente disso por um momento e respire conscientemente, com a intenção de trazer para dentro a sensação e o bem estar dessas pequenas situação.

O interessante que essa pequena atitude de ver, sentir e sintonizar com pequenos detalhes positivos do nosso dia, a nossa rede neurais relacionadas ao circuito de recompensa do cérebro são ativadas, liberando um dos neurotransmissores mais famosos do sistema nervoso, também conhecido como o neurotransmissor do prazer, a dopamina.

No final do dia, procure algumas situações ou atitudes sua ou de outras pessoa, que você nota como positiva, que talvez pela correria do dia, não notou, fique consciente e grato por isso, respire fundo algumas vezes, esta simples atitude, ajuda mais ainda o nosso cérebro a aprender a notar o positivo, a desenvolver a gratidão e a liberar um outro neurotransmissor, a serotonina, um neurotransmissor associado ao bem estar, felicidade, tranquilidade e à melhora do sono e ao controle da ansiedade e também a ocitocina, também conhecido como o hormônio do amor.


Mudando a nossa atitude estamos também mudando a nossa vida, tomando aos poucos um "certo controle" da nossa existência, isto tudo é mindfulness, viver de uma forma mais atenta, mais consciente no nosso dia a dia, notando o que acontece dentro e fora de nós.

Se o viés da negatividade foi uma estratégia de sobrevivência que nos trouxe até aqui, agora somos chamados a dar um outro salto evolutivo, equilibrando isso tudo dentro de nós, e aperfeiçoando  o nosso cérebro para sermos mais consciente e felizes.

Para encerrar deixo abaixo um link, que é uma reflexão de uma experiência que vivi durante o dia, após uma prática de meditação.



Texto desenvolvido baseado/inspirado nos ensinamento dado pela psicóloga Dra. Daniela Sopezki, no quinto módulo do curso Mindfulness e Redução do Estresse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário