Seguidores

domingo, 12 de agosto de 2018

A Espiral do Sofrimento

Imagine a seguinte situação ... Você levantou para ir ao trabalho e ao pegar o carro, o pneu esta furado.

Primeira reação: Tenho que trocar o pneu e vou me atrasar.
 Junto com esse pensamento,  poder vir  uma angustia(emoção) que reflete no corpo em forma de uma sensação de calor.

 Isso é o que a psicóloga Dra Daniela Sopezki chama de experiência direta, que é a forma como que reagimos inicialmente a situação e vamos representar por esta esfera.

A partir dessa reação inicial a mente começa a reagir frente a situação, e vem uma irritação e essa irritação, reflete no corpo com aceleração dos batimentos e a situação começa a ficar mais pesada.

 Mas, porém, a mente, vai aumentando a escala de pensamentos e emoções desagradáveis que vão afetando o corpo.
- Vou me atrasar!
- Não posso me atrasar!
- Tenho uma reunião importante!
- O que vou fazer?
A irritação vai aumentando, e vem junto angustia, nervosismo, impaciência, raiva, enfim... uma escala de emoções negativas e pensamentos catastróficos,  com suas respectivas sensações no corpo, que pode refletir ao longo do dia como uma dor de cabeça, queimação no estômago, alteração da pressão, vômito, dificuldade para dormir etc.


 Você troca o pneu e pega o trânsito e quando se esta atrasado, o trânsito não flui, parece que pega todos os sinais vermelho, e a impaciência, angustia e a raiva aumentam ... pega o telefone para avisar que vai atrasar, mas esta fora de área, o que aumenta mais ainda a impaciência... e a pessoa começa a reagir, buzinar, gesticular ... enfim essa escala normalmente não tem limite e só vai aumentando, isso que se chama espiral do sofrimento.
Imagem relacionada
Espiral de sofrimento são as reações que vamos tendo frente a uma situação desagradável

 A partir da experiência primária – o pneu furado e vou me atrasar, vamos agregando camadas e camadas que são as experiências secundárias, que é aquilo que vamos colocando em cima de um problema que é real, e por não estarmos consciente  não conseguimos ficar com o problema inicial, do tamanho que ele realmente é, e vamos acrescentando camadas e camadas, que são os excessos que vamos colocando por não prestar atenção nas nossas reações, e na nossa forma de pensar.

Camadas de sofrimentos, que a mente coloca a partir da experiência primária.

Podemos extrapolar esse exemplo extremo, para as nossas situações do nosso dia, como por exemplo:

- Alguém esta atrasado. Esse é o fato e junto, vem um leve incômodo ou impaciência, que é a experiência primária.


Se pararmos por ai, essa é uma situação mais fácil de manejar internamente, mas porém, o que normalmente faz a mente?

Começa a agregar camadas e camadas.


Essa pessoa é irresponsável! Não deveria ter  atrasado. Quando chegar vou falar isso e mais isso...
e junto vai vindo irritação, impaciência, taquicardia, raiva etc.
A medida que o atraso aumenta, as camadas também aumentam.
Porque ela não me avisou. É irresponsável. Vai ser a última vez que isso vai acontecer, porque ...Etc. Etc. Etc.

Mas, de repente, vem outro pensamento:

- Será que aconteceu algo?
Junto começar a vir a preocupação ... será que ela não se acidentou no caminho? Aconteceu alguma coisa de ruim?
Nossa! Estou com raiva dessa pessoa, mas o que será que aconteceu com ela?
Por um momento, vem o arrependimento, por ter tratado essa pessoa mal internamente.

E vamos acrescentando as camadas de sofrimento, porque a mente sempre vai agregando coisas ruins.

Mas qual é o fato inicial mesmo?

A pessoa esta atrasada.

E quantas coisas não agregamos nisso ?

Chega um momento  a pessoa chega e fala:

- Desculpa-me o pneu furou, e o celular esta fora de área e não consegui te avisar.

A maior parte das nossas preocupações são sofrimentos desnecessários, porque não sabemos lidar com a mente, e damos créditos a cada pensamento que aparece, como se fosse uma verdade, ao invés de simplesmente observar aquele pensamento e tratá-lo apenas como um pensamento.

Importante aprender a lidar com a situação em si, sem agregar mais sofrimentos, vendo as coisas do seu real tamanho, sem deixá-la maior, sem agregar pensamento e sentimento negativos que a mente cria.

Temos um prazo para entregar um trabalho qualquer e o tempo esta ficando curto.

Isso por si só gera uma pressão e  uma reação interna.


O nosso corpo com sua sabedoria nos prepara para enfrentar aquela situação, o que em um primeiro momento, é um estresse positivo.

 O que á prática de Mindifulnes nos convida a fazer?


A nos conectar com a experiência direta (pneu furou, estou atrasado, alguém  esta atrasado, tenho essa apresentação para fazer, o tempo esta curto, o voo foi cancelado, bati o carro, o cachorro não para de latir, etc.,) onde o problema é bem menor e muito mais fácil de manejar. 

 Apesar da experiência direta, muitas  vezes ser difícil de ser manejada ou resolvida, mas porém, é muito mais fácil ou leve de resolver ou manejar, do que todo aquele excesso ou camadas , que a mente cria.

- O tempo esta curto! Não vou conseguir! É muito trabalho para uma pessoa só! Ninguém me ajuda! Meu chefe só exige de mim e não me reconhece! Esto cansado! Tenho que fazer correndo e o trabalho não vai ficar bom! Etc. Etc. Etc., e junto com esses pensamentos, vem os sentimentos, angustias, medos, insônia, irritabilidade, impaciência, que gera um efeito em cascata, refletindo no corpo e não permite que o mecanismo inicial de reação (estresse positivo) se desliga, e os níveis de cortisol e adrenalina continua alto o tempo todo no organismo, o que é altamente prejudicial.

Agora além de ter de lidar com o prazo curto temos todas esse excesso ou camadas para lidar também, e gastamos uma quantidade enorme de energia emocional e mental, que poderia ser melhor usado para lidar com o problema inicial.

A experiência direta é o momento presente, que pode ser desagradável, mas o que seria esta mindfulness ou estar consciente nesse momento?

A Dra Daniela Sopezki, especialista em mindfulness explica:

 È notar qual foi minha reação, o que eu pensei, o eu senti e a partir disso consciente, desenvolver respostas mais criativas, ver o que podemos fazer naquele momento, respirar para aliviar a angustia inicial, aceitar aquela situação, avisar quem precisa ser avisado, pedir o auxilio para quem pode colaborar naquele processo  e seguir adiante, sem entrar na escala de sofrimento e reação.
Mindfulness é isso.

A pratica formal da meditação  mindfulness, nos ajuda a entender na prática o que é âncora. Da mesma forma que uma âncora, não deixa um barco a deriva em relação  as ondas ou a correnteza da  água, a  âncora na meditação, não deixa a nossa atenção a deriva pelos pensamentos.

Aprendemos a observar, que os pensamentos são como nuvens , que vão e vêm e que eles são apenas pensamentos e não verdades.

A sensação de liberdade que sentimos ao ser capazes de perceber que nossos pensamentos são apenas pensamentos e que eles não são "nós" ou "a realidade" é extraordinária... O simples ato de reconhecer nossos pensamentos como pensamentos pode nos libertar da realidade distorcida que eles frequentemente criam e possibilitam mais perspicácia e um maior sentimento de maneabilidade em nossa vida.  Jon  Kabat-Zinn.


Mindfunlness no dia a dia é justamente, quando deparamos com essas diversas situações, nos conectar de uma forma intencional com esse estado de atenção plena (praticado/treinado na meditação formal), utilizando da âncora da respiração consciente ou da sensação corporal, e não entrar no modo automático das reações, olhando  com mais clareza, abertura e aceitação o que esta ocorrendo no momento presente, vendo as coisas do seu tamanho, sem aumentar, sem embarcar naqueles pensamentos e sentimentos tóxicos que aparecem.

Essa atitude além de reduzir o estresse, abre a porta para  que venham respostas mais criativas, inspiradas, lúcidas e não tão condicionadas.

Os exemplos acima, podemos extrapolar para as coisas boas também.

Vamos fazer uma viagem de férias e vem uma reação inicial positiva esse é o fato primário.
Depois disso, a mente vai criando coisas e coisas, expectativas, medos, preocupações, ansiedades, etc., que pode até mesmo frustrar a viagem.

Como treinar isso no dia a dia?


Experimente ficar consciente da sua respiração enquanto esta conversando com alguém, parado no sinal vermelho, quando esta se alimentando, caminhando, etc., e apenas observe ... as respostas automáticas que vão vindo na mente, com suas emoções respectivas e começamos então a ver, que temos sim, liberdade para sair do piloto automático.

Tem um livro que se chama - Por que as Zebras não tem Úlceras?
Foi escrito pelo biólogo e neurologista Robert M. Sapolsky, onde ele apresenta uma das mais consistentes teorias para lidar com o estresse.

Quando é que a Zebra fica estressada? Quando vê o leão surgir e a partir desse momento, ela concentra todas as suas energias e capacidades para fugir do predador que se aproxima e uma vez que consegue, ela volta a mesma vida despreocupada de antes.
O problema é que o ser humano, tem esse comportamento estressante, mesmo na ausência do leão, ou seja, são programados para se preocupar com os problemas antes que eles acontecem, e  continuam a sofrer os efeitos mesmo depois de terem acabados.

Todo esse estresse gera úlceras, insônia, depressão, diminuição da libido e inúmeros outros problemas.
Esse sensação de ameaça constante, criada por essa antecipação (quando nos preocupamos com coisas que ainda nem aconteceram e talvez nem aconteçam), faz com que o corpo humano fica exposto a adrenalina e cortisol o tempo todo, o que vem a ser o estresse negativo, e é isto que é prejudicial.


A meditação, mindfulness, nos ajuda lida com isso.


Texto  desenvolvido baseado nos ensinamento dado pela Psicóloga Dra. Daniela Sopezki, no primeiro módulo do curso Mindfulness e Redução do Estresse.


4 comentários:

  1. Que informação e solução, prefeitas.
    Práticas e resumidas.
    Daniela Sopezk é uma verdadeira mestra. Incomparável em mindfulness, ao meu ver.
    Só gratidão.

    ResponderExcluir