Embora a investigação, coordenada por Sara Lazar, cientista do Hospital Geral de Massachussets (MSG), nos EUA, tenha já três anos, voltou, recentemente, a merecer a atenção da imprensa internacional, uma vez que se trata do primeiro estudo de sempre a documentar as mudanças induzidas, ao longo do tempo, por este tipo de meditação ao nível da massa cinzenta.
Para chegar a estas conclusões, Lazar e os colegas analisaram a estrutura cerebral de 16 voluntários através de ressonâncias magnéticas antes e depois da sua participação num programa de redução do 'stress' por intermédio da meditação de atenção plena com duração de oito semanas.
Os participantes receberam gravações destinadas à prática guiada de meditação de atenção plena - uma espécie de meditação que se foca numa consciência das sensações, dos sentimentos e do estado de espírito sem julgamentos - e foi-lhes pedido que registassem por quanto tempo a praticavam diariamente.
Simultaneamente, os cientistas submeteram também a ressonâncias magnéticas os elementos de um grupo de controlo que, durante o mesmo período de tempo, não praticou em nenhuma ocasião esta atividade.
"Apesar de a prática da meditação estar associada a um sentido de paz física e relaxamento, quem a pratica defende, há muito tempo, que também proporciona benefícios cognitivos e psicológicos que se mantêm ao longo do dia", afirma, em comunicado, a coautora do estudo publicado na revista científica "Psychiatry Research: Neuroimaging".
Segundo Sara Lazar, "esta investigação demonstra que as mudanças na estrutura do cérebro podem estar associadas a estes benefícios e que as pessoas não se sentem melhor apenas por passarem tempo a relaxar".
Prática reduz 'stress' e facilita memória e aprendizagem
Os voluntários do grupo que praticou meditação dedicaram, em média, 27 minutos por dia aos exercícios de atenção plena, observando-se, nestes indivíduos, um aumento da densidade de massa cinzenta no hipocampo - relacionado com a memória e a aprendizagem - e em estruturas ligadas à autoperceção, compaixão e introspeção.
Além disso, estes exercícios provaram ser vantajosos na diminuição do 'stress', ao reduzirem a concentração de massa cinzenta na região da amígdala, que desempenha um papel fundamental nos sistema nervoso e na ansiedade.
Nenhuma destas alterações se observou no grupo de controlo.
"É fascinante observar a plasticidade do cérebro e o facto de, através da meditação, podermos desempenhar um papel ativo nas alterações produzidas neste órgão e melhorar o nosso bem-estar e qualidade de vida", sublinha Britta Hölzel, cientista lemã do MGH e da Universidade de Giessen, na Alemanha, que também integrou a equipa de investigação.
De acordo com Hölzel, "outros estudos em diferentes amostras de população já mostraram que a meditação pode trazer melhorias ao nível de uma grande variedade de sintomas" e a equipa está agora empenhada em "investigar os mecanismos do cérebro que facilitam estas mudanças".
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Fonte:Banco da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário